sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

PÍLULA DO DIA SEGUINTE / CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

PÍLULA DO DIA SEGUINTE | Contracepção de emergência

Autor do texto: Pedro Pinheiro - 13 de agosto de 2012 | 21:11

Os métodos contraceptivos clássicos, como pílulas anticoncepcionais, DIU, diafragma e a camisinha, são habitualmente usados antes e/ou durante as relações sexuais. Porém, por motivos diversos, todos os dias milhares de mulheres acabam tendo relações sexuais sem a devida proteção de um método de controle de natalidade, passando a estar sob elevado risco de desenvolver uma gravidez. Nestes casos, ainda há uma alternativa: a contracepção de emergência.

A contracepção de emergência, mais conhecida sob a forma da pílula do dia seguinte, é um método contraceptivo que pode ser usado após a relação sexual, sendo capaz de inibir uma gravidez quando a mulher imagina ter tido relações sem as devidas precações anticoncepcionais. É importante frisar que a contracepção de emergência é um método de controle de natalidade para ser usado ocasionalmente, em situações de emergência. De forma alguma a pílula do dia seguinte deve ser usada habitualmente, como substituta dos métodos tradicionais de controle de natalidade.

Neste texto vamos explicar as opções disponíveis de contracepção de emergência, abordando os seguintes pontos sobre a pílula do dia seguinte e suas alternativas:
  • Opções disponíveis para contracepção de emergência.
  • Limite de tempo para tomar a pílula do dia seguinte.
  • Quando usar a pílula do dia seguinte.
  • Como age a pílula do dia seguinte.
  • Eficácia da pílula do dia seguinte.
  • Como tomar a pílula do dia seguinte.
  • Efeitos colaterais da pílula do dia seguinte.
O que são métodos contraceptivos de emergência?

A contracepção de emergência, também chamada de contracepção pós-coito, é uma medida de controle de natalidade que pode ser usada depois da relação sexual ter sido realizada. A contracepção de emergência deve ser usada pelas mulheres que não desejam engravidar, mas tiveram relações sexuais sem a devida proteção de um método contraceptivo.

Existem duas formas de contracepção de emergência

- Pílulas anticoncepcionais de emergência, mais conhecidas como pílula do dia seguinte.
- Dispositivos intrauterinos, conhecidos como DIU.

O DIU é um método contraceptivo que é efetivo mesmo se implantado depois da relação sexual já ter ocorrido. Neste texto vamos dar mais ênfase à pílula do dia seguinte. Falaremos especificamente do DIU em um texto à parte.

Limite de tempo para tomar a pílula do dia seguinte

Pílula do dia seguinte
Após uma relação sexual desprotegida, a pílula do dia seguinte deve ser tomada o mais rápido possível, de preferência dentro das primeiras 72 horas (3 dias). Porém, apesar do clássica recomendação de 72 horas, até o limite de 120 horas (5 dias) a contracepção de emergência pode ainda ser eficaz. É importante notar, entretanto, que a cada dia que passa a eficácia contraceptiva do esquema se reduz, principalmente após as primeiras 72 horas.

Nos EUA, Portugal e outros países da Europa (mas não no Brasil) já é comercializado o acetato de ulipristal (ellaone®), uma pílula do dia seguinte que mantém elevada eficácia até 120 horas.

Como a pílula do dia seguinte é mais efetiva nas primeiras horas, recomenda-se que todas as mulheres com vida sexual ativa, que não planejam ter filhos no momento, tenham pelo menos 1 caixa do medicamento em casa para que o mesmo possa ser usado rapidamente em caso de emergência.

Indicações para o uso da pílula do dia seguinte

1. Se você teve relação sexual vaginal sem a proteção de nenhum método anticoncepcional (camisinha, DIU, pílula, implante, diafragma...) nas últimas 120 horas.

2. Se você nas últimas 120 horas teve relações sexuais e usou um método anticoncepcional de forma incorreta ou se o mesmo sabidamente apresentou falhas. Isto inclui as seguintes situações:

- Camisinha que estourou, que foi usada de modo incorreto ou que saiu do pênis durante o ato sexual.
- Mulher que normalmente toma pílulas anticoncepcionais contendo estrogênio e progesterona e se esqueceu de tomar a pílula por dois dias seguidos.
- Mulher que normalmente toma pílulas anticoncepcionais contendo apenas progestogênio (chamada de minipílula) e atrasou sua tomada em mais de três horas.
- Mulher que normalmente usa injeções de acetato de medroxiprogesterona(também chamado de Depo-Provera®) e atrasou sua injeção mais do que duas semanas.
- Mulher que normalmente usa adesivos anticoncepcionais e o retirou antes ou depois do tempo programado.
- Diafragma ou preservativo feminino que se rompeu ou saiu do lugar.
- DIU que saiu acidentalmente.

Atenção: a pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência e assim deve ser encarada. Devemos ter todo o cuidado para não banalizar o uso da pílula do dia seguinte, não só porque ela não é tão efetiva quanto os métodos de controle de natalidade tradicionais, como também porque a dose de hormônios contida na mesma é mais elevada do que nos anticoncepcionais comuns, podendo causar efeitos colaterais graves se usada repetidamente.

Se você repetidamente se encontra em uma das situações acima, que indicam o uso da pílula do dia seguinte, é porque está fazendo tudo errado. Procure seu ginecologista para receber orientações sobre controle de natalidade. 

Como age a pílula do dia seguinte

No Brasil a pílula do dia seguinte mais usada é composta por levonorgestrel 0,75 mg (marcas mais comuns: Postinor-2®, Pilem®, Pozato®, Diad®, Minipil2-Post® e Poslov®). Como já referido, a pílula de ulipristal ainda não está a venda no Brasil.

O levonorgestrel é uma progesterona sintética, que atua como método contraceptivo de emergência por três mecanismos: 
- Inibe a ovulação.
- Impede a fertilização do óvulo pelo espermatozoide.
- Impede que óvulo fecundado se aloje no útero.

Dentre os três mecanismos acima, a inibição da ovulação é o mais importante, daí a necessidade de tomar a pílula o mais rápido possível.

Basicamente o que a pílula do dia seguinte faz é alterar o ciclo menstrual, antecipando o momento da menstruação (leia: PERÍODO FÉRTIL | Quando ocorre a ovulação?). A maioria das mulheres menstrua cerca de 1 semana após o uso da pílula.

A pílula do dia seguinte provoca aborto?

Não! Tecnicamente, uma medicação abortiva é aquela que age após o óvulo fecundado já ter sido implantado no útero. O aborto é a perda de um embrião que estava se desenvolvendo em um útero. Como foi explicado, a ação do levonorgestrel é anterior à implantação do óvulo fecundado ao útero, não sendo, portanto, uma droga que provoca aborto.

Se o levonorgestrel for tomado após o óvulo já ter sido implantado ao útero, ele não terá efeito algum sobre a evolução da gravidez. Ele não provoca aborto e não há estudos que indiquem perigo de malformação fetal se o medicamento for acidentalmente usado em mulheres já grávidas.

Por outro lado, o ulipristal pode ter efeitos nocivos para o feto e não deve ser tomado se a mulher suspeita já estar grávida. 

Eficácia da pílula do dia seguinte

Se tomado corretamente e dentro do prazo de 5 dias, o ulipristal apresenta eficácia de 98,5%. Já o levonorgestrel, se tomado corretamente e dentro do prazo de 72 horas, tem eficácia de 97%.

Em mulheres obesas, com IMC maior que 30, damos preferência ao uso do DIU como método contraceptivo de emergência, pois neste grupo a pílula do dia seguinte possui eficácia bem menor, apresentando 4 vezes mais riscos de falhas quando comparado a mulheres de massa corporal normal (IMC entre 18 e 25) - Leia: OBESIDADE | Síndrome metabólica.

Se a menstruação não tiver vindo 3 a 4 semanas após o uso da pílula do dia seguinte, a paciente deve fazer um teste de gravidez (leia: TESTE DE GRAVIDEZ DE FARMÁCIA).

É importante salientar que o efeito da pílula é garantido apenas para aquela relação sexual que motivou o seu uso. Se a mulher voltar a ter relações desprotegidas após ter tomado a pílula, não há como garantir seu efeito anticoncepcional.

Como tomar a pilula do dia seguinte

O levonorgestrel é habitualmente vendido em uma caixa com 2 comprimidos de 0,75 mg, que podem ser tomados juntos de uma só vez ou separados por 12 horas de intervalo. Já há no mercado a caixa com 1 comprimido de 1,5mg, o que facilita a toma única do medicamento.

O ulipristal é vendido em caixa com 1 comprimido de 30mg que deve ser usado também em dose única.

Se você tomou a pílula do dia seguinte e teve nova relação sexual desprotegida após 120 horas, é possível tomar uma segunda dose (exceto o ulipristal, que não deve usado mais de uma vez por ciclo). É preciso notar, porém, que este tipo de contracepção de emergência é feito com doses não fisiológicas de hormônios, que não devem ser administradas seguidamente, devido ao risco de efeitos colaterais. Se você se encontra na situação de precisar da pílula do dia seguinte com alguma frequência, é poque está fazendo tudo errado do ponto de vista de prevenção da gravidez.

Nas mulheres que já usam anticoncepcional regularmente, mas precisaram da pílula do dia seguinte por terem esquecido de tomá-lo corretamente, a pílula convencional pode ser reiniciada no dia seguinte. Mas atenção, é preciso esperar a próxima menstruação para poder confiar novamente no efeito contraceptivo dela. Até lá, deve-se usar camisinha ou qualquer outro método de barreira junto com o anticoncepcional.

Efeitos colaterais da pílula do dia seguinte

A pílula do dia seguinte é um medicamento extremamente seguro, se tomada de forma correta. Não há relatos de efeitos colaterais graves.

Náuseas e vômitos são os efeitos adversos mais comuns. Uma desregulação da menstruação é comum no primeiro mês após o tratamento.

Outros efeitos secundários possíveis, mas pouco frequentes, incluem tonturas, fadiga, dor de cabeça, sensibilidade nos seios, e dor abdominal.

Se houver quadro de vômitos nas primeiras duas horas após a pílula ter sido tomada, sugerimos a repetição do esquema.


Leia o texto original no site MD.Saúde: PÍLULA DO DIA SEGUINTE | Contracepção de emergência http://www.mdsaude.com/2012/08/pilula-dia-seguinte.html#ixzz2GN6oTGDO

MICOSE NA VILILHA/ TINEA CRURIS

MICOSE NA VIRILHA | Tinea cruris

Autor do texto: Pedro Pinheiro - 26 de dezembro de 2012 | 23:23

A micose na virilha, chamada em medicina de tinea cruris, é uma das infeções fúngicas da pele mais comuns. A tinea cruris costuma atingir as regiões inguinal (virilhas), coxas e nádegas, causando placas avermelhadas e intensa coceira.

Neste texto vamos abordar os seguintes pontos sobre a micose na virilha:
  • Causas da micose na virilha.
  • Como se pega tinea cruris.
  • Sintomas da micose na virilha.
  • Tratamento da micose na virilha.
O que é tinea cruris?

As micoses superficiais da pele são chamadas de dermatofitoses ou tinea. Os fungos dermatófitos, isto é, que provocam dermatofitoses, são os dos gêneros Trichophyton, Microsporum ou Epidermophyton.

As dermatofitoses podem acometer diversas áreas do corpo, como couro cabeludo (chamada de tinea capitis), pés (tinea pedis), barba (tinea barbae), unhas (tinea unguium) ou tronco e membros (tinea corporis).

A infecção fúngica que acomete a região genital e inguinal (virilhas) é chamada de tinea cruris. A micose da virilha é a segunda dermatofitose mais comum, perdendo apenas para a tínea pedis, a micose dos pés, popularmente conhecida como frieira.
  • A onicomicose, que é a micose da unha (tinea unguium), já foi descrita em um artigo à parte, acessível neste link: MICOSE DE UNHA | Onicomicose.

Causas da micose de virilha

A imensa maioria dos casos de micose na virilha são causados pelo fungo Trichophyton rubrum. Esse fungo pode ser um habitante normal da pele, sem necessariamente provocar doenças, já que o nosso sistema imunológico consegue mantê-lo sob controle, desde que a pele mantenha-se limpa e seca. Em épocas de maior calor, porém, algumas áreas do corpo ficam constantemente úmidas e quentes, tal como a virilha e a região genital, favorecendo a proliferação de fungos, resultando nas micose.

O fungo Trichophyton rubrum, que provoca a micose da virilha, é o mesmo que causa a frieira (pé de atleta). Por isso, em muitos casos, o paciente tem dermatofitose nos pés e na virilha ao mesmo tempo. 

Como se pega micose na virilha

A tinha cruris é uma infecção contagiosa transmitida por fômites, como toalhas, lençóis ou roupas contaminadas com o fungo. A micose na virilha também pode ocorrer como auto-contaminação pela micose dos pés (frieira). O paciente após mexer nos pés, pode ter suas mãos contaminadas com o fungo, levando-os até a região da virilha. Ter relações sexuais com uma pessoa infectada também é uma forma de contágio.

Todavia, não basta ter contato com o fungo para desenvolver micose. Para que o microrganismo vença nosso sistema imunológico, ele precisa encontrar um meio propício para sua multiplicação. Calor, umidade e ausência de luz são as condições mais adequadas para a proliferação das micoses. A virilha é muito propícia à ocorrência de infecções fúngicas, pois, além de passar grande parte do dia coberta, é uma região de dobras e com pelos, que permanece frequentemente úmida e quente.

Épocas de calor, uso de roupas quentes e apertadas, excesso de suor, permanecer com roupas de banho molhadas por muito tempo, má higiene pessoal e não trocar com frequência as roupas interiores são fatores que favorecem o desenvolvimento da tina cruris.

Outros fatores de risco para o aparecimento da micose na virilha são:
As micoses de pele ocorrem com mais frequências nas pessoas com sistema imunológico fraco, todavia, também são muito comuns em indivíduos sadios, sem qualquer problema de saúde.

Sintomas da micose na virilha

Os principais sintomas da micose na virilha são coceira e vermelhidão local, chamada de rash. A área inflamada pode apresentar alguma ardência, tornando incômodo o uso de certos ipos de roupa interior.

A tinea cruris geralmente começa com uma placas avermelhadas na face interna de uma ou ambas as coxas, com bordas bem demarcadas. Quando causada pelo fungo Trichophyton rubrum, a doença costuma se estender para baixo, sobre as coxas e até na região pubiana e glúteos. As lesões costumam se expandir em forma de círculos.

Micose na virilha

Em metade dos casos o paciente também apresenta outro tipo de tinea, geralmente tinea pedis (frieira).

No sexo masculino, a bolsa escrotal e o pênis são habitualmente poupados. Este é um detalhe importante, pois ajuda na distinção entre a tinea cruris e a infeção por cândida, já que a candidíase na região inguinal em homens muitas vezes acomete a bolsa escrotal.

O diagnóstico pode ser confirmado com uma raspagem da lesão e avaliação microscópica do material à procura de fungos. Como a cândida e os dermatófitos são fungos com aspectos distintos, é possível distingui-los através do exame microscópico.

Tratamento da micose na virilha 

O tratamento da micose na virilha pode ser feito com pomadas antifúngicas, muitas delas vendidas sem necessidade de receita médica. As pomadas indicadas são as que contêm: terbinafina, naftifina, cetoconazol, miconazol ou cotrimazol. As três últimas substâncias têm ação contra dermatófitos e cândida. Cremes ou pomadas à base de nistatina servem para candidíase, mas não para dermatofitoses, não sendo indicadas para o tratamento da tinea cruris. 

Deve-se evitar pomadas que contenham corticoides na sua fórmula, como a betametasona, pois ela pode atrapalhar o tratamento e mascarar os sintomas.

Em casos de pacientes imunossuprimidos, ou se houver falha no tratamento com pomadas, medicamentos por via oral, como griseofulvina, fluconazol ou terbinafina podem ser prescritos.

Como a tinea pedis (frieira) e onicomicose (micose de unha) são fatores de risco para a tinea cruris, é importante também tratar as duas condições para diminuir o risco de recorrência da micose na virilha.

Aplicação diária de talco na região inguinal para manter a área seca ajuda a prevenir recorrências. Os pacientes devem ser aconselhados a evitar banhos quentes e roupas apertadas. Os homens devem usar cuecas largas, de preferência boxers (cueca samba-canção). Mulheres devem usar calcinha de algodão e evitar calças apertadas. Após o banho, a área inguinal deve ficar bem seca. Sugere-se separar uma toalha para secar a área infectada e outra para o resto do corpo. Não use a mesma roupa interior após o banho.


Leia o texto original no site MD.Saúde: MICOSE NA VIRILHA | Tinea cruris http://www.mdsaude.com/2012/12/micose-na-virilha-tinea-cruris.html#ixzz2GN4G8jzK