segunda-feira, 11 de abril de 2016

VACINAÇÃO CONTRA A GRIPE EM PACIENTES REUMÁTICO

VACINAÇÃO CONTRA A GRIPE EM PACIENTES REUMÁTICOS.

Público alvo: leigo.

Os Emails e mensagens não cessam neste outono, com o questionamento sobre o emprego da vacina contra a gripe por parte de quem é paciente reumático. Mais ainda por parte daqueles que utilizam medicação imunomoduladora ou imunossupressora.
Minha recomendação: sim, você deve fazer a vacina da gripe, cuja formulação apresenta virus inativados – não há risco de você pegar a doença, já que os microorganismos estão mortos. Utilize de preferência a vacina tetravalente, oferecida na rede particular. A forma tetravalente infelizmente não será oferecida pelo governo, que distribuirá a vacina trivalente. Mas as duas formas de vacina conferem proteção contra a gripe H1N1, o que é o mais importante no final da história.
Outro detalhe: pessoas imunossuprimidas devem fazer um reforço da vacina depois de 30 dias da primeira dose, já que a formação de anticorpos protetores não é a ideal após uma única dose. Tenho usado esta estratégia em meus pacientes nos últimos anos, com sucesso e sem aumento de para-efeitos da vacina.
Informe-se mais sobre a vacina da gripe clicando nos links:

QUAL A PREVALÊNCIA DE ARTRITE EM PACIENTES COM PSORÍASE


QUAL A PREVALÊNCIA DE ARTRITE NOS PACIENTES COM PSORÍASE?

Público alvo: técnico e leigo.

A psoríase é uma doença autoimune crônica, recorrente, comum, ocorrendo em pele e articulações. Traz significativo impacto emocional e físico. A doença ocorre em todo o mundo, com prevalência distinta conforme os grupos étnicos. O componente genético é muito importante, mas infecções podem também ter papel relevante nas formas de apresentação cutânea e articular.
As estatísticas variam muito, e em nosso país são incompletas. Nos meios reumatológicos fala-se em 2 a 3% da população caucasiana como tendo psoríase cutânea em suas várias formas (ungueal, gutatta, inversa, eritrodérmica, etc), com 20 a 30% destes vindo a desenvolver artrite ao longo de sua vida. Japoneses, aborígines australianos e índios do continente americano apresentam raramente a doença.
O mais frequente é o paciente desenvolver primeiro a forma cutânea, depois a artrite, mas há casos que fogem à regra:
  • psoríase tendo início de forma concomitante com artrite
  • psoríase de pele com início após o paciente já apresentar artrite
  • artrite sem psoríase cutânea.
Neste último caso o médico chega ao diagnóstico por haver história familiar de psoríase cutânea.
Uma outra possibilidade a não ser esquecida, e relativamente nova no universo dos pacientes reumáticos, é o surgimento de reações cutâneas em tudo indistinguíveis à psoríase (inclusive com biópsia de pele apresentando achados típicos) após uso de agentes biológicos anti-TNF para artrite reumatóide, espondilite anquilosante e suas variantes, e também para a própria artrite psoriásica. Este aparente paradoxo ainda carece de explicação fisiopatogênica definitiva, porém são reconhecidos os fenômenos autoimunes que surgem em alguns pacientes, felizmente mais raros, em uso de modernos agentes biológicos.
Publicação recente na conceituada revista Arthritis & Rheumatology, dos EUA, mostra a incidência (número de novos casos) da artrite psoriásica no Canadá. Os autores na Universidade de Toronto encontraram incidência anual de 2,7%, ou seja, naquela comunidade, 3 de cada 100 pacientes com psoríase da pele desenvolveram artrite em cada ano de observação.
E quais foram os fatores de risco observados para o desenvolvimento de artrite? Psoríase cutânea difusa e severa, psoríase de unhas (veja foto) – principalmente com pontos difusos como em um dedal, baixo nível de educação e uveites (inflamação ocular interna).
Divulgue estes conhecimentos sobre artrite psoriásica, muitas pessoas de seu relacionamento têm psoríase e não sabem desta complicação. Em caso de dores nas juntas de forma continuada, procurar o reumatologista.
Sobre as várias formas de artrite psoriásica falaremos em uma próxima oportunidade.

The Incidence and Risk Factors for Psoriatic Arthritis in Patients With Psoriasis: A Prospective Cohort Study

Eder, Haddad, Rosen et al. Arthritis & Rheumatology 68:915–923April 2016

Objective

To estimate the incidence of psoriatic arthritis (PsA) in patients with psoriasis, and to identify risk factors for its development.

Methods

The study was designed as a prospective cohort study involving psoriasis patients who did not have a diagnosis of arthritis at the time of study enrollment. Information was collected about lifestyle habits, comorbidities, psoriasis activity, and medications. Patients who developed inflammatory arthritis or spondylitis were classified as having PsA if they fulfilled the criteria of the Classification of Psoriatic Arthritis Study group. The annual incidence of PsA was estimated using an event per person-years analysis. Cox proportional hazards models, involving fixed and time-dependent explanatory variables, were fitted to obtain estimates of the relative risk (RR) of the onset of PsA, determined in multivariate models stratified by sex and controlled for age at onset of psoriasis.

Results

The data obtained from the 464 patients who were followed up for 8 years were analyzed. A total of 51 patients developed PsA during the 8 years since enrollment. The annual incidence rate of PsA was 2.7 cases (95% confidence interval 2.1–3.6) per 100 psoriasis patients. The following baseline variables were associated with the development of PsA in multivariate analysis: severe psoriasis (RR 5.4, P = 0.006), low level of education (university/college versus high school incomplete RR 0.22, P = 0.005; high school graduate versus high school incomplete RR 0.30, P = 0.049), and use of retinoid medications (RR 3.4, P = 0.02). In multivariate models with time-dependent variables, psoriatic nail pitting (RR 2.5, P = 0.002) and uveitis (RR 31.5, P = 0.0002) were associated with the development of PsA.

Conclusion

The incidence of PsA in patients with psoriasis is higher than previously reported. A severe psoriasis phenotype, presence of nail pitting, low level of education, and uveitis are predictive of the development of PsA in patients with psoriasis.

OBESIDADE E ARTROSE DE JOELHO

OBESIDADE E ARTROSE DE JOELHOS

Público alvo: técnico e leigo.

É intuitivo imaginar-se que o excesso de peso traga sobrecarga nas articulações de quadris, joelhos e pés. O desgaste progressivo daí advindo é importante e se acentua ao longo do tempo, trazendo afinamento e erosões das cartilagens, com cistos ósseos e outros fenômenos diagnosticados pelas radiografias.
Mas qual a influência do sobrepeso nos sintomas de artrose de joelhos, da perda de peso nos sintomas e, principalmente, na necessidade futura de próteses de joelhos? Artigo desta semana na Arthritis & Rheumatology , dos EUA, acompanhou mais de 100.000 pacientes ao longo de 3 anos e chegou às seguintes conclusões:
  • pacientes com sobrepeso têm 40% mais chance de evoluirem para prótese que pessoas com peso normal
  • pacientes obesos têm 100% de chance de necessitarem próteses
  • as associações são mais importantes quanto mais jovens os pacientes
  • estratégias que trazem perda de peso reduzem em 31% as chances de cirurgia futura.
Para os profissionais que acompanham o blog, eis o abstract da publicação:

Obesity and the Relative Risk of Knee Replacement Surgery in Patients With Knee Osteoarthritis: A Prospective Cohort Study

Leyland, Judge, Javaid et al. Arthritis & Rheumatology 68:817-825, April 2016.

Objective

It is unclear what impact obesity has on the progression of knee osteoarthritis (OA) from diagnosis to knee replacement surgery. This study was undertaken to examine the relative risk of knee replacement surgery in overweight and obese patients who were newly diagnosed as having knee OA in a community setting.

Methods

Subjects were selected from the Information System for Development of Primary Care Research database, which compiles comprehensive clinical information collected by health care professionals for >5.5 million people in Catalonia, Spain (80% of the population). Patients newly diagnosed as having knee OA in primary care between 2006 and 2011 were included. Knee replacement was ascertained using International Classification of Diseases, Ninth Revision, Clinical Modification codes from linked hospital admissions data. Multivariable Cox regression models were fitted for knee replacement according to body mass index (BMI), and were adjusted for relevant confounders. Population proportional attributable risk was calculated.

Results

A total of 105,189 participants were followed up for a median of 2.6 years (interquartile range 1.3–4.2). Of these patients, 7,512 (7.1%) underwent knee replacement. Adjusted hazard ratios and 95% confidence intervals (95% CIs) for knee replacement for the World Health Organization BMI categories were 1.41 (95% CI 1.27–1.57) for overweight, 1.97 (95% CI 1.78–2.18) for obese I, 2.39 (95% CI 2.15–2.67) for obese II, and 2.67 (95% CI 2.34–3.04) for obese III compared to normal weight. The effect of BMI on risk of knee replacement was stronger among younger participants. The population attributable risk of obesity for knee OA–related knee replacement was 31.0%.

Conclusion

Overweight and obese patients are at >40% and 100% increased risk of knee replacement surgery, respectively, compared to patients with normal weight. This association is even stronger in younger patients. Weight reduction strategies could potentially reduce the need for knee replacement surgery by 31% among patients with knee OA.