sábado, 11 de agosto de 2012

LIPOASPIRAÇÃO/HIDROLIPO, MINI LIPO E LIPOLIGHT


LIPOASPIRAÇÃO | HIDROLIPO, MINI LIPO e LIPOLIGHT

Hidrolipo, minilipo, lipolaser e lipo light são procedimentos vendidos como formas alternativas de lipoaspiração, porém, apresentam os mesmos riscos e as mesmas indicações. Saiba tudo sobre lipoaspiração e o modo correto de fazê-la.

lipoaspiração é a cirurgia plástica mais realizada no Brasil. Em 2007 foram realizados cerca de 200.000 procedimentos deste tipo em nosso país.

A técnica foi criada pelo Cirurgião Plástico francês, Yves Gerard Illouz em 1978. Não demorou muito para a lipoaspiração aterrissar em terras tupiniquins. Em 1980, o próprio Dr. Illouz realizou a primeira lipoaspiração no Brasil, mais precisamente no Hospital Servidores do Estado, na cidade do Rio de Janeiro.

Nos seus primórdios a lipoaspiração era realizada com cânulas muito grossas, que traumatizavam muito o tecido gorduroso e frequentemente originavam irregularidades no contorno corporal. Além disso, pouco se sabia à época sobre os limites de volume aspirado seguros para o paciente.

Desde então a lipoaspiração evoluiu muito. Atualmente as cânulas são muito mais finas, minimizando a agressão cirúrgica e permitindo um trabalho mais delicado e preciso, propiciando um melhor resultado.
Hoje temos um conhecimento muito maior das repercussões de uma lipoaspiração para o organismo, permitindo o estabelecimento de limites que aumentaram enormemente a segurança do procedimento.

O Art. 9º da resolução Nº 1.711 do Conselho Federal de Medicina estabelece que “os volumes aspirados não devem ultrapassar 7% do peso corporal quando se usar a técnica infiltrativa; ou 5% quando se usar a técnica não-infiltrativa. Da mesma forma, não deve ultrapassar 40% da área corporal, seja qual for a técnica usada.”

Cânulas de lipoaspiração
Cânulas de lipoaspiração
Trocando em miúdos, uma pessoa de 60 kg só pode ter 40 % do seu corpo e 4,2 L de gordura lipoaspirados. Ou seja, aqueles que prometem lipoaspirar todo o corpo e tirar 7,8,9, 10 L de gordura ou são mentirosos ou são inconsequentes e levianos, além de descumprirem uma resolução do CFM.

Mas afinal, o que é técnica infiltrativa e técnica não-infiltrativa? Bom, técnica infiltrativa é aquela em que a lipoaspiração é precedida pela injeção, na gordura que será lipoaspirada, de uma solução composta por soro, vasoconstrictores e, às vezes, anestésicos locais. A solução injetada faz com que as células de gordura “inchem”, facilitando a lipoaspiração, e faz com que as artérias e veias se contraiam, diminuindo o sangramento cirúrgico. Devido a essas propriedades, a técnica infiltrativa é a preferida pela grande maioria dos Cirurgiões Plásticos, em detrimento da técnica não-infiltrativa, na qual, obviamente nada é injetado.

Nos últimos anos novas tecnologias vêm sendo incorporadas à lipoaspiração, tais como a utilização de cânulas que vibram em altíssimas frequências (vibrolipoaspiração), que emitem ultrassom ou raios Laser. Todas têm o intuito de facilitar o trabalho do Cirurgião Plástico, diminuir a agressão cirúrgica e permitir um melhor resultado pós-operatório. Na minha humilde opinião, nenhuma dessas novas tecnologias mostrou-se superior à lipoaspiração clássica, além de aumentarem os custos do procedimento, e me parece que este é o pensamento da maioria dos Cirurgiões Plásticos. Porém, é possível que com o seu aperfeiçoamento, essas e ou outras novas tecnologias sejam incorporadas futuramente à lipoaspiração pela maioria dos Cirurgiões Plásticos.

Muito se engana quem pensa que a lipoaspiração é uma cirurgia feita para emagrecer. Seu objetivo é a harmonização do contorno corporal. Estas premissas estão bem explicitadas logo nos 2 primeiros artigos da Resolução Nº 1.711 do Conselho Federal de Medicina, que regulamenta a lipoaspiração:

“CONSIDERANDO o decidido em sessão plenária de 10 de Dezembro de 2003, resolve:

Art. 1º - Reconhecer a técnica de lipoaspiração como válida e consagrada dentro do arsenal da cirurgia plástica, com indicações precisas para correções do contorno corporal em relação à distribuição do tecido adiposo subcutâneo.

Art. 2º - Que as cirurgias de lipoaspiração não devem ter indicação para emagrecimento.”
Trocando em miúdos, a lipoaspiração está indicada para resolver o problema da companheira inseparável de muitas mulheres: a gordura localizada.

Porém, nem toda paciente com gordura localizada é uma candidata à lipoaspiração. O grau de flacidez da pele pode ser um fator impeditivo. A flacidez traduz a redução, ou até mesmo a perda, da elasticidade da pele. Quanto maior a flacidez menor a elasticidade. A presença das famigeradas estrias também é um forte indicador de uma pele pobre em elasticidade (leia: ESTRIAS | Tratamento e prevenção).

Mas qual a importância da elasticidade da pele na lipoaspiração? Eu lhes respondo: toda! Para melhor explicar o quão importante é a elasticidade me utilizo de um momento da vida comum a quase todas as mulheres; a gravidez. Com o desenrolar da gestação, a pele se expande progressivamente para melhor comportar o aumento do volume abdominal. Imediatamente após o parto, o volume retorna ao normal e a pele se retrai lentamente durante as semanas subsequentes para adaptar-se novamente ao volume abdominal de outrora. Aí que entra a elasticidade da pele. Quantos de vocês conhecem mulheres que após o parto nem pareciam que tiveram um filho? E as que ficam com o abdômen flácido? E as que além de flacidez ficam cheias de estrias? O que determina o grau de retração da pele é a sua elasticidade e, analogamente à gravidez, desempenha o mesmo importante papel na lipoaspiração.

Sabemos que em se tratando de lipoaspiração, atuam na retração da pele, além do grau de elasticidade, a contração cicatricial. Ao realizarmos uma lipo, ocorre a lesão do tecido gorduroso pelas cânulas. Essa lesão, como todo ferimento, cicatriza. Acontece que todo processo de cicatrização em nosso organismo evolui com uma retração dos tecidos vizinhos. Isto também é verdade na lipoaspiração, onde a cicatrização do tecido gorduroso acarretará na retração da pele, graças ao fenômeno de contração cicatricial.

Quando há flacidez pequena ou moderada, a lipoaspiração pode ser realizada, pois podemos contar com a elasticidade da pele e com a contração cicatricial. Quando a flacidez da pele é de moderada a grande, a lipo isolada deve ser evitada, sob pena de agravá-la. Nestes casos, a associação da ressecção de pele à lipoaspiração deve ser considerada.

Para saber mais sobre a lipoaspiração, leia: CIRURGIA DE LIPOASPIRAÇÃO | Técnicas, indicações e riscos.

HIDROLIPO, MINI LIPO e LIPO LIGHT

Notem que não são mencionados na resolução do CFM os termos hidrolipoaspiraçãominilipoaspiração, lipoaspiração light e afins. Isso por que simplesmente não existe “hidrolipo”, não existe “mini lipo” nem "lipo light"!

A lipoaspiração é um procedimento único, que compreende as técnicas infiltrativa e não-infiltrativa, onde através de uma pressão negativa originada por um aparelho ou por seringas, a gordura é aspirada por cânulas introduzidas por pequenos cortes na pele

Para melhor explicar o motivo pelo qual os termos “hidrolipo”, “mini lipo”, "lipo light" e afins foram inventados, recorro à seguinte resolução do Conselho Federal de Medicina:

RESOLUÇÃO Nº 1.711, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2003

Art. 1º - Reconhecer a técnica de lipoaspiração como válida e consagrada dentro do arsenal da cirurgia plástica, com indicações precisas para correções do contorno corporal em relação à distribuição do tecido adiposo subcutâneo.

Art. 3º - Que há necessidade de treinamento especifico para a sua execução, sendo indispensável a habilitação prévia em área cirúrgica geral, de modo a permitir a abordagem invasiva do método, prevenção, reconhecimento e tratamento de complicações possíveis.

Art. 5º - Que as cirurgias de lipoaspiração devem ser executadas em salas de cirurgias equipadas para atendimento de intercorrências inerentes a qualquer ato cirúrgico.


Por essa resolução ficou estabelecido que a lipoaspiração é um procedimento cirúrgico habilitado preferencialmente a Cirurgiões Plásticos, com formação prévia em Cirurgia Geral (caso de todos os Cirurgiões Plásticos membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e que só deve ser realizada em centro cirúrgico.

Pois bem, e como ficam, a partir desta resolução do CFM, os médicos de outras especialidades que, desiludidos com suas carreiras, enveredam pelo mundo da “Medicina Estética” atrás do “pote-de-ouro”, atrás do “dinheiro fácil”, após fazerem cursos de fim de semana? Como ficam os médicos que, para baixar os custos da lipoaspiração, realizam o procedimento no consultório? Simples! É só rebatizar a lipoaspiração! “De agora em diante nós não fazemos lipoaspiração, nós fazemos hidrolipoaspiração, fazemos minilipoaspiração, fazemos lipolight”.

A invenção dos termos “hidrolipo”, “mini lipo”, "lipo light" e outros tem um único propósito: burlar a resolução do Conselho Federal de Medicina!

E para piorar a situação a “hidrolipo”, a “minilipo” e a”lipolight” são vendidas para a população como sendo procedimentos mais modernos, que não precisam de internação e que o paciente vai do consultório direto para o trabalho. Na realidade, a lipoaspiração realizada em consultório é muito inferior. Além de infrigir uma resolução do CFM, não fornece a segurança e o ambiente necessários para a realização de um procedimento cirúrgico, o paciente não é sedado, sentindo, na melhor das hipóteses, um incômodo durante todo o procedimento e muitas vezes é mais dispendiosa financeiramente pois tem que ser feita em várias etapas, uma vez que há limites de toxicidade na utilização de anestésicos locais.

Não esqueçam que lipoaspiração é uma CIRURGIA e como tal está sujeita à complicações CIRÚRGICAS, devendo ser realizada em ambiente CIRÚRGICO . Sendo assim, se você deseja realizar uma lipoaspiração, consulte-se com um Cirurgião Plástico, certifique-se que ele é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e exija que a cirurgia seja realizada em um centro cirúrgico.

Esse texto é de autoria do Dr. Carlos André Meyer. Cirurgião Plástico - O Blog de Plástico
Pedro PinheiroAutor do artigo
Pedro Pinheiro Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2002. Diploma reconhecido pela Universidade do Porto, Portugal. Título de especialista em Medicina Interna pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 2005. Título de Nefrologista pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) em 2007. Título de Nefrologista pelo Colégio Português de Nefrologia.


Leia o texto original no site MD.Saúde: LIPOASPIRAÇÃO | HIDROLIPO, MINI LIPO e LIPOLIGHT http://www.mdsaude.com/2009/02/lipoaspiracao-hidrolipo-minilipo.html#ixzz23GMwwXTS

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