quinta-feira, 6 de junho de 2013

ESTUDO SOBRE BEXIGA FAZ NOVOS AVANÇOS

Estudo sobre bexiga hiperativa faz novos avanços
e recebe cinco mil euros

2013-06-03
Trabalho da FMUP centra-se sobre papel das neurotrofinas urinárias como biomarcadores (Imagem: DR)
Trabalho da FMUP centra-se sobre papel das neurotrofinas urinárias como biomarcadores (Imagem: DR)
Tiago Lopes, estudante de Doutoramento da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), venceu o Prémio do Internato Médico do Centro Hospitalar São João, com um trabalho sobre o papel potencial das neurotrofinas urinárias como biomarcadores na síndrome de bexiga hiperactiva. O estudo foi publicado no «The Journal of Urology».

A síndrome da bexiga hiperactiva é uma doença do trato urinário caracterizada pela presença de imperiosidade, com ou sem incontinência urinária, geralmente associada a aumento da frequência urinária diurna e nocturna. Ainda não existe cura nem qualquer teste objectivo para diagnosticar o problema.

O jovem investigador, que é também médico interno no Serviço de Urologia do Centro Hospitalar São João, onde parte da investigação foi desenvolvida, avaliou o papel de duas neurotrofinas (proteínas necessárias para o crescimento e suporte dos neurónios) na síndrome de bexiga hiperactiva – o BDNF (Factor Neurotrófico Derivado do Cérebro) e o NGF (Factor de Crescimento Nervoso). A associação entre o BDNF e a síndrome de bexiga hiperactiva nunca tinha sido estudada.

Trabalhos realizados em laboratório por uma equipa de investigação da FMUP já tinham demonstrado, em modelos animais, que o BDNF urinário estava aumentado. O estudante de doutoramento comprovou que doentes com síndrome de bexiga hiperactiva seguidos em consulta apresentam concentrações urinárias elevadas de BDNF e de NGF e que, no caso do BDNF, a sua normalização após tratamento, se correlacionava com a melhoria dos sintomas.

Novas bases e fármacos

Estas novas informações podem contribuir para elucidar as bases fisiopatológicas desta doença, com eventual interesse na avaliação e monitorização dos sintomas, podendo mesmo permitir o desenvolvimento de fármacos que atuem sobre as vias moleculares que se encontram alteradas, determinando as elevadas concentrações urinárias destas neurotrofinas.

Francisco Cruz, coordenador da equipa de investigação responsável pelo estudo da bexiga hiperactiva na FMUP e director do Serviço de Urologia do CHSJ, considera que este prémio – mais do que o seu valor monetário – representa um enorme incentivo para os jovens investigadores que assim vêem reconhecido pelos pares e por entidades de reconhecida importância no mundo científico nacional o trabalho que vêm realizando.

O Prémio do Internato Médico da Bial tem o valor de cinco mil euros e distingue o melhor trabalho de investigação clínica em Ciências da Saúde, total ou parcialmente realizado no Centro Hospitalar de São João, e cujo primeiro autor seja médico interno daquela instituição.

Estima-se que o problema da bexiga hiperactiva afecte cerca de 12 por cento dos europeus e até 40 por cento dos idosos.

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