LAQUEADURA | Ligadura de trompas
Autor do texto: Pedro Pinheiro - 17 de setembro de 2012 | 17:14
PublicidadeNeste artigo sobre laqueadura vamos abordar os seguintes pontos:
- O que é a laqueadura tubária.
- Para que serve a laqueadura.
- Como é a cirurgia para laqueadura.
- Como é feita a laqueadura sem cirurgia.
- Eficácia da laqueadura.
- Complicações da laqueadura cirúrgica e da laqueadura não-cirúrgica.
O que é a laqueadura tubária
O sistema reprodutor feminino é composto basicamente por dois ovários, duas trompas de Falópio, um útero e uma vagina. As trompas de Falópio, também conhecidas como tubas uterinas, são uma espécie de tubo que liga os ovários ao útero.
A cada ciclo menstrual um dos ovários libera um óvulo para ser fecundado. Este óvulo é lançado em direção a uma das trompas, e lá fica à espera da chegada de um espermatozoide para uma eventual fertilização.
A laqueadura tubária funciona como método anticoncepcional definitivo porque é um procedimento que causa interrupção no trajeto de ambas as trompas, impedido, assim, que os espermatozoides cheguem ao óvulo liberado por qualquer um dos dois ovários.
A ligadura das trompas não impede a ovulação nem interfere no ciclo hormonal feminino, não causando, portanto, nenhuma alteração no ciclo menstrual.
A laqueadura impede a gravidez, mas não tem nenhum efeito protetor sobre as doenças sexualmente transmissíveis (leia: O QUE É DST?).
Como é feita a laqueadura
Atualmente existem três opções para realização da laqueadura tubária:
1. Via Laparoscópica
A laqueadura por laparoscopia é um procedimento cirúrgico realizado através de uma pequena incisão perto do umbigo e na parte inferior do abdômen, com introdução de um dispositivo chamado laparoscópio, usado para ver as trompas de Falópio. O médico pode usar anéis ou clips para fechar as trompas. Outra possibilidade é cauterizar as mesmas através de calor.
2. Minilaparotomia
A minilaparotomia é um procedimento cirúrgico feito imediatamente após o parto ou até dois dias depois. O médico faz uma pequena incisão no abdômen e, em seguida, remove uma parte das trompas de Falópio de cada lado. O procedimento não deve ser feito muitos dias após o parto para que o útero ainda esteja grande, o que facilita a cirurgia.
3. Laqueadura tubária histeroscópica
A laqueadura tubária histeroscópica é uma laqueadura sem cirurgia, que pode ser feita fora de ambiente hospitalar, apenas com anestesia local. Este é atualmente o procedimento mais indicado para laqueadura tubária.
Este tipo de laqueadura é feito por via endoscópica, através da vagina. Existem dois métodos diferentes:
a. Técnica Essure®
Neste procedimento o aparelho endoscópico, chamado histeroscópio, entra pela vagina, atravessa o útero e chega às trompas onde insere uma pequena mola chamada Essure.
A inserção de um objeto estranho nas trompas, como o Essure, causa uma reação do sistema imunológico, provocando inflamação e posterior crescimento de tecido cicatricial, o que provoca o fechamento das trompas.
Esse processo de fechamento das trompas demora cerca de três meses para se concretizar. Após esse período a mulher realiza um exame chamado histerossalpingografia, que consiste em uma radiografia dos sistema reprodutor feminino após a administração de contrate. Se o Essure tiver causado interrupção efetiva das trompas, o contraste não conseguirá chegar até o final das mesmas, comprovando obstrução completa da tuba uterina.
Em 10 a 15% dos casos a laqueadura histeroscópica precisa ser repetida, pois a obstrução das trompas não é 100% obtida após 3 meses.
b. Técnica Adiana ®
Este procedimento é semelhante ao Essure, sendo também realizado por via histeroscópica. Porém, em vez de colocar uma pequena mola em cada trompa, o endoscópio emite energia de radiofrequência para o interior das tropas, provocando uma reação inflamatória, e depois insere uma pastilha de silicone no local da ablação para garantir a obstrução das mesmas.
As vantagens da esterilização histeroscópica (Essure ou Adiana) incluem a ausência de sedação, anestesia geral, incisões cirúrgicas ou internação hospitalar. As desvantagens incluem a necessidade de uma forma alternativa de controle da natalidade durante três meses após a realização do procedimento e a possível necessidade de repetição do mesmo, caso não haja bloqueio total das trompas após 3 meses.
Complicações da laqueadura
A laqueadura cirúrgica, realizada por laparoscopia ou por minilaparotomia, apresenta uma taxa de complicações de 0,1%. As mais comuns incluem infecção, lesão de bexiga ou dos intestinos, hemorragia interna ou problemas relacionados à anestesia.
A taxa de complicação com a esterilização histeroscópica é de cerca de 0,002%. A complicação mais comum é a lesão da parede do útero, um problema que não costuma causar maiores transtornos, até porque a paciente que se submete à laqueadura não pretende mais engravidar.
As três técnicas de laqueadura apresentam uma taxa de sucesso acima de 99%. Há trabalhos que mostram que após 15 anos de ligação das trompas, menos de 1% das mulheres acabaram engravidando. O grande problema é na maioria dos casos a gravidez acaba sendo sendo ectópica (gravidez tubária). Por isso, toda mulher laqueada deve procurar logo o seu ginecologista caso apresente atraso menstrual.
A laqueadura tubária não altera o ciclo menstrual nem interfere no desejo sexual da mulher.
Reversão da laqueadura
O arrependimento em relação à esterilização definitiva geralmente surge nas mulheres que realizaram a laqueadura ainda jovens, antes do 25 anos. São mulheres que muitas vezes separam-se, casam-se novamente e passam a querer ter um filho com o novo marido.
A laqueadura é considerado uma esterilização definitiva. Em alguns casos a reversão até é possível, mas há riscos e o procedimento é muito mais complexo do que a ligadura das trompas. A taxa de sucesso da reversão é de apenas 20%. Por isso, se a paciente tiver qualquer dúvida ou insegurança, a laqueadura não deve ser o método contraceptivo de escolha
Leia o texto original no site MD.Saúde: LAQUEADURA | Ligadura de trompas http://www.mdsaude.com/2012/09/laqueadura.html#ixzz26pgIodHl