Posted: 11 Feb 2013 03:12 AM PST
Diego Rodrigues e Larissa Teixeira
Paralisia cerebral, também conhecida como PC, é a lesão ocorrida nas áreas motoras do sistema nervoso, afetando o comando do cérebro. A condição pode ocorrer em algumas áreas do cérebro, como o cerebelo, caso em que o equilíbrio é prejudicado; ou no sistema piramidal, quando ocorre o tipo mais comum de paralisia, e a mobilidade voluntária da pessoa é afetada. Em ambos os casos, as consequências físicas refletem-se em dificuldades sociais e psicológicas, tanto para o paciente quanto para sua família. Pesquisas da USP indicam caminhos possíveis para lidar com a questão.
Causas, tratamento e prevenção
A neurologista infantil Clarissa Bueno, do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMSUP) explica que além das diferentes áreas do cérebro, a doença também pode ser provocada por diversos motivos, que incluem asfixia, hemorragia intra-craniana, má-formação fetal e infecções. Segundo ela, as causas também influem na gravidade das malformações físicas dos pacientes. “No caso de hemorragias, as partes mais afetadas são os membros inferiores. Em casos de asfixia, o comprometimento costuma ser nos quatro membros e eventualmente na área de cognição”, explica a médica.
A reabilitação dos pacientes, baseada em fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional – para o treinamento de movimentos rotineiros – consegue, em casos menos graves, bons resultados. “No caso de paralisias hemorrágicas, é possível que o paciente volte até mesmo a andar”. Em alguns casos, é necessário aplicar relaxantes musculares, assim como toxinas botulínicas, para facilitar o movimento muscular nas áreas atingidas.
Visando diminuir os riscos de paralisia nos recém-nascidos – que no Brasil atinge hoje cerca de atinge cerca de 10 em cada 100 mil crianças – a neurologista ressalta a necessidade de manter um maior acompanhamento da saúde da gestante. “Os exames de rotina, estudos da condição de saúde da gestante e o pré-natal são indispensáveis, além da existência de boas condições para o parto”, declara Clarissa.
Inclusão social e escolar
A paralisia cerebral vai além dos problemas físicos e cognitivos. A criança portadora da doença, ao crescer, enfrenta dificuldades diárias para interagir com os colegas e frequentar escolas de educação regular, já que muitas não estão preparadas para recebê-las de uma forma inclusiva.
Ticiana Melo de Sá Roriz, terapeuta ocupacional e especialista em desenvolvimento infantil, apontou em seu mestrado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP que as dificuldades são verificadas em dois aspectos: ambientais/arquitetônicos e atitudinais. O primeiro caso diz respeito à estrutura física. “Devemos repensar sobre a própria estrutura como nossa sociedade se organiza em termos de acessibilidade, muitas vezes ineficaz ou inexiste”, comenta.
O segundo fator baseia-se na atitude e no comportamento da escola e da própria família.
“Muitas vezes a família acaba optando, mesmo inconscientemente, pela super-proteção, impedindo a criança de circular nos diversos espaços sociais”, aponta.
Para que a inclusão realmente ocorra, Ticiana acha que o primeiro e principal passo é acreditar que a inclusão é possível. “A inclusão não pode ser assegurada apenas pela vontade de um ou outro professor. A escola tem que ser inclusiva”. Para a terapeuta, a escola deve se preparar tanto na eliminação de barreiras arquitetônicas, aquisição de recursos de adaptação e acessibilidade, quanto na formação continuada de professores e funcionários.
Mas seria redundante falar em escola inclusiva? “Se pensarmos que a escola é um direito garantido a todas as crianças brasileiras, chegaríamos à conclusão que sim. A filosofia trazida por esse paradigma deveria ter estado presente desde sempre”, aponta Ticiana.
A conclusão é que a sociedade precisa mudar sua forma de enxergar pessoas com necessidades especiais, não só crianças com paralisia infantil, mas com qualquer tipo de deficiência. “O mundo em que estamos inseridos é repleto de pessoas com características diversas e é isso que o torna tão rico. Aprender a lidar com a diferença deveria estar no currículo escolar e de vida de cada um de nossos pequenos”, completa ela.
Sobrecarga nas famílias
Não é somente a criança com paralisia cerebral que passa por dificuldades. Sua família também é impactada por essa situação, sofrendo grandes mudanças nos hábitos de vida. Foi a partir dessa constatação que a pesquisadora e fisioterapeuta Manuela Oliveira Santos Rosset procurou identificar e descrever a sobrecarga a que estão submetidas essas famílias, em seu mestrado defendido na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.
“A doença requer que os familiares do paciente passem a colocar as suas próprias necessidades e desejos em segundo plano, vivenciando mudanças no estilo de vida e podendo sofrer dos mesmo problemas que a criança”, afirma Rosset.
Ela identificou como principais dificuldades a possível demora da aceitação do diagnóstico pelos pais, a falta de comunicação entre estes e os profissionais de saúde e a falta de acesso aos serviços destinados ao atendimento – o que pode estar relacionado com o perfil socioeconômico da família.
“A classe social afeta o modo pelo qual os membros da família organizam sua vida diária e como enfrentam os desafios e crises. A maioria dos familiares ressalta que a condição financeira é essencial no tratamento da criança, pois a família com renda mensal mais baixa enfrenta problemas maiores”, comenta.
Assim, a pesquisadora concluiu que as famílias devem ser orientadas pelos profissionais de saúde, de modo que a sobrecarga possa ser minimizada, ressaltando também a importância da figura do “cuidador” – uma pessoa que possa aliar o conhecimento do especialista com a prática cotidiana. “Quando a criança faz parte de uma unidade familiar, o profissional deve programar o tratamento, visando a beneficiar tanto a criança como sua família”, completa.
Fonte: USP
|
CONHEÇA SOBRE AS DOENÇAS REUMÁTICAS ESTE BLOG TEM COMO FINALIDADE ALERTAR AS PESSOAS SOBRE OS SINTOMAS DAS DOENÇAS REUMÁTICAS PARA QUE AO RECONHECEREM OS PRIMEIROS SINTOMAS PROCUREM UM MÉDICO, POIS SOMENTE ELE PODERÁ DAR O DIAGNOSTICO CORRETO E PRESCREVER O MEDICAMENTO EXATO.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
PARALISIA CEREBRAL: DOS ASPECTOS FÍSICOS À INCLUSÃO SOCIAL
Assinar:
Postagens (Atom)