terça-feira, 9 de julho de 2013

CRIANÇAS QUE VÊE MUITA TELEVISÃO SÃO MAIS OBESAS

Crianças que vêem muita televisão são mais obesas

Anúncios de televisão podem conduzir à
ingestão de mais alimentos, revela estudo da UC

2013-07-08
Obesidade pode afectar a saúde provocando diabetes, colesterol elevado, entre outras patologias normalmente associadas aos adultos.
Obesidade pode afectar a saúde provocandodiabetes, colesterol elevado, entre outras patologias normalmente associadas aos adultos.
A televisão tem maior impacto no excesso de peso e no aumento da tensão arterial do que computador e jogos electrónicos. Esta é uma das conclusões de um estudo empreendido pela Universidade de Coimbra (UC).

Cristina Padez, coordenadora da equipa de investigadores que empreendeu este estudo, explica que a televisão é mais nociva “pelo facto de as crianças estarem mais expostas a publicidade de produtos alimentares, induzindo-as à ingestão de comida normalmente pouco saudáveis”.

A especialista diz ainda que “a televisão é mais passiva. O computador e os jogos eletrónicos exigem mais concentração e interacção”.

O trabalho dos profissionais da UC pretendeu avaliar a alteração dos valores de obesidade infantil na população portuguesa, entre 2002 e 2009, e também e conhecer a associação entre a obesidade infantil e os comportamentos familiares, hábitos sedentários e o ambiente onde vivem.

No total, a pesquisa envolveu 17424 mil crianças, de jardins-de-infância e de escolas de várias regiões do país, com idades compreendidas entre os três e os 11 anos. Os familiares das crianças também foram ouvidos. Os inquéritos feitos versavam sobre hábitos alimentares, horas passadas a ver televisão, ao computador ou a jogar jogos eletrónicos e sobre o ambiente na área de residência.

Ouvidas crianças e familiares, os investigadores concluíram que a percentagem de crianças que passam mais de duas horas diárias em frente ao televisor, ultrapassando os limites considerados de referência (da Academia Americana de Pediatria), é de 28% nos meninos e 26% nas meninas. E no fim-de-semana, a percentagem dispara para 75%, os meninos e 74%, as meninas.

Cristina Padez defende ser “urgente corrigir este e outros hábitos errados para que não se perpetuem e tenham implicações sérias na idade adulta. Os hábitos criados na infância tendem a prolongar-se para a vida adulta. Nos adultos encontramos uma forte associação entre o tempo que eles vêem televisão e valores de obesidade, hipertensão arterial, diabetes tipo II, entre outros problemas”.

A investigadora transmite assim algumas recomendações como “evitar ter televisão no quarto e ultrapassar as duas horas de visionamento diárias, restringir o consumo de alimentos mais açucarados e com gorduras, ser mais activo, a mãe evitar aumentar muito o peso na gravidez e amamentar o máximo de tempo possível e ainda dormir mais horas, entre outras medidas”.

A obesidade infantil acarreta problemas como hipertensão, colesterol elevado, triglicérios (ocorrem em 60% das crianças obesas). Cerca de 40% destas crianças permanece obesa na vida adulta e, mesmo as crianças que normalizam o seu peso com o crescimento, o simples facto de terem sido obesas é um risco para o aparecimento de algumas doenças principalmente cardiovasculares na vida adulta.

O estudo da UC teve também em conta a relação entre excesso de peso e o ambiente em que as crianças se inserem, tendo em conta aspectos como o tipo de lojas, supermercados, zonas de lazer ao ar livre junto da residência das crianças, a segurança.

A coordenadora da pesquisa sublinha que “a segurança das zonas frequentadas pelas crianças junto à habitação e à escola pode ter influência no peso. Nas sociedades urbanas, por questões de segurança, as crianças têm poucas actividades ao ar livre. Ficam em casa, vêem mais televisão e maior é o risco de serem obesas”.

Uma última conclusão prende-se com o grau de instrução dos pais. Pode-se relacionar que “quanto menor é o grau de ensino, maior é o valor de obesidade”, conclui a docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e tem já seis artigos científicos publicados em jornais e revistas internacionais.

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