terça-feira, 2 de setembro de 2014

LEVOTIROXINA (PURAN T4) – INDICAÇÕES E EFEITOS COLATERAIS

LEVOTIROXINA (PURAN T4) – INDICAÇÕES E EFEITOS COLATERAIS

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A levotiroxina sódica é a forma sintética do principal hormônio produzido pela glândula tireoide, chamado de tiroxina, também conhecido pela sigla T4. A levotiroxina é, portanto, um medicamento indicado para o tratamento do hipotireoidismo, que é a doença provocada pela deficiente produção de hormônios pela tireoide.
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Os nomes comerciais da levotiroxina mais conhecidos no Brasil são Puran T4, Euthyrox e Synthroid; em Portugal, as marcas mais famosas são o Eutirox e o Letter.
Neste artigo vamos abordar as indicações, o mecanismo de ação, os nomes comerciais, a posologia, como tomar, os efeitos colaterais, as contraindicações e as interações medicamentosas da levotiroxina.Vamos falar também sobre a eficácia da levotiroxina como remédio para emagrecer.
Se você está à procura de mais informações sobre as doenças da tireoide, acesse o nosso arquivo de textos sobre o assunto através do seguinte link: DOENÇAS DA TIREOIDE

PARA QUE SERVE A LEVOTIROXINA

Como já referido na introdução do texto, a levotiroxina é um hormônio sintético da tireoide. Ela deve ser usada sempre que o paciente precisar de reposição artificial de hormônios tireoidianos.
A tireoide é uma glândula localizada na base do pescoço, cuja função é controlar o metabolismo do organismo, ou seja, a forma como o corpo gere sua fontes de energia. Quando o cérebro deseja aumentar nosso metabolismo, ele estimula a tireoide a produzir mais hormônios tireoidianos. Da mesma forma, quando o objetivo é desacelerar o metabolismo, o cérebro “avisa” a tireoide para produzir menos hormônios. O objetivo da tireoide é sempre produzir quantidades de hormonios necessárias para o metabolismo manter-se adequado, de acordo com as atuais circunstâncias de vida do paciente. A tireoide saudável não produz nem hormônios de mais nem de menos, apenas o necessário.
O hipotireoidismo é uma doença que surge quando a tireoide passa a produzir menos hormônios que o necessário para o normal funcionamento do nosso organismo. Nesse caso, para que o metabolismo corporal não entre em falência, faz-se necessária a reposição de hormônio tireoidiano através de medicamentos, já que a tireoide encontra-se doente e incapaz de produzi-los de forma adequada.
A principal e quase exclusiva indicação para o uso da levotiroxina é, portanto, o hipotireoidismo (para saber mais sobre hipotireoidismo, leia: HIPOTIREODISMO). A levotiroxina também pode ser usada como tratamento completar para alguns tipos de câncer da tireoide.

MECANISMO DE AÇÃO DA LEVOTIROXINA

Em pessoas saudáveis, a tireoide capta o iodo consumido na dieta e usa-o para criar dois hormônios: triiodotironina (T3) e tiroxina (T4).
O T3 e o T4 produzidos pela tireoide são lançados na corrente sanguínea, onde irão atuar diretamente nas células do nosso organismo, ditando o modo como elas irão transformar oxigênio, glicose e calorias em energia. A quantidade de hormônios produzida pela tireoide é dividida da seguinte forma: 80% de T4 e 20% de T3.
O T4 é, na verdade, um precursor do T3. Quem realmente age nas células é o T3. Grande parte do T4 produzido, ao chegar em órgãos ou tecidos, é transformado em T3 para utilização das células. Portanto, o T3 é efetivamente o hormônio tireoidiano que age no nosso organismo. O T4 é uma espécie de reserva, que é usado para gerar mais T3 sempre que necessário.
Quando o paciente apresenta baixa produção de hormônios tireoidianos, a reposição é feita,preferencialmente, com levotiroxina (t4 artificial) para que o organismo continue, de certo modo, com o controle de quanto T4 irá ser convertido em T3, de acordo com as suas necessidades. Se a reposição fosse sempre feita diretamente com T3, o risco de superdosagem do hormônio seria muito maior. Até existem drogas com T3 artificial, mas a maioria dos pacientes atinge um bom controle do hipotireoidismo apenas com a reposição de T4. Obviamente, se uma dose excessiva de T4 for administrada, esse excesso acabará sendo transformado em T3.

NOMES COMERCIAIS DA LEVOTIROXINA

A levotiroxina sódica é um medicamento que já é comercializado sob a forma genérica tanto no Brasil quanto em Portugal. Existem também diversas marcas cuja substância ativa é a levotiroxina. Vamos citar algumas.
Nomes comerciais da levotiroxina no Brasil:
  • Puran T4.
  • Synthroid.
  • Euthyrox.
  • Levoid.
Nomes comerciais da levotiroxina em Portugal:
  • Letter.
  • Eutirox.
  • Thyrax.

COMO TOMAR A LEVOTIROXINA

Existem diversas dosagens disponíveis de levotiroxina, as mais prescritas são: 25 mcg (0,025 mg), 50 mcg (0,05 mg), 75 mcg (0,075mg), 88 mcg (0,088 mg), 100 mcg (0,1 mg), 112 mcg (0,112 mg), 125 mcg (0,125 mg), 137 mcg (0,137 mg), 150 mcg (0,15 mg), 175 mcg (0,175 mg), 200 mcg (0,2 mg) e 300 mcg (0,3 mg).
A dose da levotiroxina deve ser ajustada de forma a manter normalizados os níveis do hormônio TSH (abaixo de 4,5 a 5,0 mU/L). Para entender melhor a relação entre os níveis de T4 e TSH, leia: TSH E T4 LIVRE | Exames da tireoide.
Levotiroxina
Em média, a dose necessária para o controle do hipotireoidismo é de 1.6 mcg/kg, o que dá algo em torno de 112 mcg para um paciente de 70 kg. É preciso salientar, porém, que a dose inicial costuma ser mais baixa, principalmente nos idosos e nos pacientes com problemas cardíacos, já que um excesso de T4 pode desencadear arritmias ou eventos isquêmicos. Neste grupo de risco, a dose inicial recomendada é de 25 a 50 mcg por dia, com ajustes a cada 4 a 6 semanas. Nos pacientes jovens e sem outras doenças, a dose inicial pode ser a de 1.6 mcg/kg.
Outra dica importante é orientar o paciente a escolher uma marca e tornar-se fiel à mesma. Existem diferenças de biodisponibilidade do T4 entre as diversas marcas, incluindo genéricos de fabricantes diferentes. Se você toma levotiroxina sódica genérica, decore a empresa farmacêutica responsável pela produção e peça para o farmacêutico não trocar na hora de comprar uma nova caixa. Se a troca de marca ou laboratório for inevitável, sugere-se uma nova dosagem do TSH após 6 semanas para avaliar a necessidade de correção da dose.
A levotiroxina deve ser ingerida em jejum, de preferência 1 hora antes do café da manhã. Um estudo conduzido na Holanda chegou à conclusão que a levotiroxina tomada à noite, antes de dormir, teria melhor desempenho que a forma clássica, de manhã e em jejum. Este estudo, porém, tem algumas falhas, como um grande intervalo de jejum entre o jantar e a administração noturna, e apenas 30 de intervalo entre a dose da manhã e a primeira refeição do dia. Portanto, o melhor horário para a toma da levotiroxina ainda é de manhã e em jejum.
Os sintomas do hipotireoidismo costumam melhorar com 2 a 3 semanas de tratamento, mas o efeito máximo do medicamento demora pelo menos 6 semanas. Por isso, até que a dose correta da levotiroxina seja estabelecida, o paciente deve fazer doseamentos do TSH a cada 6-8 semanas. Uma vez que os sintomas desapareçam e o TSH esteja estabilizado em valores mais baixos que 4,5-5,0 mU/L, a dosagem do TSH pode ser repetida apenas 1 ou 2 vezes por ano.
Para crianças que tenham dificuldade de engolir comprimidos, o mesmo pode ser esmagado e misturado em 10 ml de água. Essa mistura deve ser tomada imediatamente, ela não pode ser armazenada para posterior administração.

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS DA LEVOTIROXINA

A absorção gastrointestinal da levotiroxina é muito errática e pode ser influenciada por diversos fatores, tais como, idade do paciente, marca do medicamento, problemas gástricos, alimentos e medicamentos tomados concomitantemente.
Alguns medicamentos, exemplificados a seguir, não devem ser tomados nas primeiras 4 horas após a administração da levotiroxina, para que não haja interferência na sua absorção:
  • Colestiramina.
  • Carbonato de cálcio.
  • Sevelamer.
  • Hidróxido de alumínio.
  • Sais de ferro.
  • Multivitamínicos.
  • Orlistat.
  • Sucralfato.
  • Poliestireno sulfonato de cálcio.
Existem também aqueles medicamentos que, mesmo que sejam tomados com grande intervalo de tempo em relação à levotiroxina, podem diminuir a sua eficácia, como, por exemplo: rifampicina, carbamazepina, fenitoína, fenobarbital, sertalina, raloxifeno e omeprazol. Nestes casos, um aumento da dose da levotiroxina pode ser necessária.
A levotiroxina não corta o efeito da pílula anticoncepcional, mas qualquer medicamento à base de estrogênio pode interferir na absorção gástrica do hormônio tireoidiano, podendo ser necessário um aumento da dose da levotiroxina para se conseguir controlar o TSH.

EFEITOS COLATERAIS DA LEVOTIROXINA

Em geral, a levotiroxina é uma droga muito bem tolerada pelos pacientes. Os seus efeitos adversos costumam ocorrer quando o paciente está a tomar uma dose acima da necessária para controlar o seu hipotireoidismo.
É o excesso de de hormônios tireoidianos que pode provocar boa parte dos seguintes efeitos adversos: palpitação, taquicardia, arritmias, hipertensão, dor no peito, agitação, ansiedade, dor de cabeça, insônia, tremores, irritabilidade, suores, calor excessivo, perda de peso, alterações menstruais, diarreia, vômitos, aumento do apetite, cólicas abdominais e queda de cabelo.
Reações alérgicas são raras, mas podem ocorrer.
Todo paciente com sintomas sugestivos de excesso de hormônio tireoidiano circulante deve ter o seu TSH reavaliado, para possível correção da dose da levotiroxina.

CONTRAINDICAÇÕES DA LEVOTIROXINA

São poucas as contraindicações ao uso da levotiroxina. Este medicamento pode ser usado na gravidez e durante o período de aleitamento materno.
O início do tratamento com levotiroxina deve ser evitado em qualquer pessoa com suspeita de hipertireoidismo (doença que provoca produção excessiva de hormônios tireoidianos – leia:HIPERTIREOIDISMO), em pacientes com suspeita de doença isquêmica do coração (infarto ou angina instável), ou naqueles com insuficiência adrenal sem tratamento.

LEVOTIROXINA EMAGRECE?

Por ser um medicamento que aumenta o metabolismo basal, a levotiroxina tem sido usada de forma inadequada para induzir perda de peso em pacientes sem hipotireoidismo.
A levotiroxina NÃO deve ser usada como droga para emagrecimento. Se a pessoa não tem hipotireoidismo e passa a tomar hormônios, ela desenvolve um hipertireoidismo de origem medicamentosa, que é uma doença com diversos efeitos deletérios ao organismo, incluindo osteoporose, crises de ansiedade, perda de cabelo, alterações menstruais, infertilidade, arritmias cardíacas e até  infarto agudo do miocárdio.
Nos pacientes com hipotireoidismo, a droga leva a uma perda de peso que ocorre não só por queima da gordura, mas principalmente por reduzir a retenção de líquidos. Em geral, o paciente perde 2 a 3 quilos apenas. Nos pacientes sem hipotireoidismo, a eficácia da levotiroxina na perda de peso é ainda menor e se dá às custas de um consumo maior de massa muscular do que de gordura. Lembre-se: nem sempre perder peso e emagrecer são sinônimos.
Portanto, quando usado somente com o intuito de emagrecer, os efeitos colaterais da levotiroxina são muito mais relevantes do que a redução da gordura corporal.
Se você quiser ler sobre medicamentos para emagrecer, acesse o seguinte artigo: REMÉDIOS PARA EMAGRECER.
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