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Artrite reumatoide mais fácil de tratar
21 de outubro de 2013
Artigo Cientifico divulgado no Diário de Minas.
Novo protocolo de diretrizes do SUS inclui medicamentos considerados mais modernos para tratar doença autoimune que atinge as articulações
Carolina Cotta
Crônica, sem cura e até incapacitante, a artrite reumatoide está mais fácil de ser tratada. A doença autoimune que atinge articulações e pode impossibilitar o movimento tem mais chances de remissão com o novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o diagnóstico e tratamento da doença pelo Sistema Único de Saúde(SUS). Medicamentos biológicos, considerados os mais modernos para o combate do problema, estão, agora, à disposição na rede pública, permitindo que mais pacientes se beneficiem e tenham maiores chances de sucesso com o tratamento.
Segundo a reumatologista Lícia Maria Henrique da Mota, presidente da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia, com essa ação do Ministério da Saúde toda a medicação indicada para a doença e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está disponível. "O tratamento da doença, que deve ser contínuo, atua na diminuição da dor e da inflamação ou modula o sistema imunológico para impedir a inflamação", explica. Entre as classes de medicamentos adotados estão anti-inflamatórios, glicocorticoides, imunossupressores e medicamentos modificadores do curso da doença (MMCD), sintéticos e biológicos.
De acordo com o documento, o tratamento deve ser iniciado o mais breve possível, uma vez que o período inicial da doença, os primeiros 12 meses, representa uma janela de oportunidade terapêutica em que a intervenção farmacológica efetiva aumenta as chances de controlar a artrite reumatoide. Ainda de acordo com o protocolo, o tratamento com um MMCD deve começar assim que for feito o diagnóstico, sendo o paciente avaliado entre 30 e 90 dias. Em caso de falha, depois de três meses, o medicamento deve ser substituído por outro MMCD sintético ou a associação de duas ou três drogas sintéticas.
Mas nem sempre o paciente precisa recorrer aos medicamentos biológicos, remédios produzidos por biossíntese em células vivas. Os MMCDs podem ser sintéticos ou biológicos. Os primeiros são produzidos pela técnica tradicional, os segundos são mais modernos e têm alto custo. "Os médicos só chegam às biológicas se as sintéticas não responderem. Até 50% dos pacientes podem responder bem às drogas sintéticas tradicionais, mas 30% vão precisar de medicação biológica", explica Lícia Mota. Antes do protocolo, o SUS oferecia três medicações biológicas para artrite reumatoide. Agora são oito opções.
Se em seis meses, e depois da tentativa de tratamento com pelo menos dois esquemas diferentes, ainda não houver melhora, recomenda-se o início do tratamento com um medicamento modificador do curso da doença ainda mais específico, um biológico da classe anti-TNF alfa. Com essas recomendações, espera-se que seja mais fácil avaliar se o paciente está respondendo ao tratamento. Caso não esteja, o médico deverá tomar a decisão sobre trocar a medicação de forma mais rápida. Segundo Lícia, com o diagnóstico, ele obrigatoriamente recebe um MMCD associado à medicação da dor, que protege as articulações e evita, assim, as deformidades e limitações.
"A grande importância desse protocolo é possibilitar que, via SUS, todo e qualquer paciente possa ser tratado. São medicações bastante eficazes no controle da dor, do inchaço e da rigidez. Nem todos os pacientes têm a mesma resposta a essas medicações tão modernas. Mas, tendo várias opções podemos fazer diferentes tentativas. Nos últimos 20 anos, o tratamento de doenças autoimunes, principalmente as reumáticas, evoluiu bastante. Passamos de pouquíssimas a limitadas opções, quando o paciente não tinha resposta a essas opções", defende a reumatologista.
DIAGNÓSTICO O diagnóstico precoce e pronto início do tratamento são muito eficazes, segundo Boris Cruz, presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia. "A maior parte dos pacientes se beneficia dos medicamentos ditos ‘modificadores de doença. Para os que não respondem a esse tipo de medicamento, podemos lançar mão dos agentes biológicos, mais complexos e mais específicos para artrite reumatoide", diz. O diagnóstico se baseia na combinação da apresentação clínica, exames de laboratório e exames de imagem como radiografias, ultrassom e ressonância.
Hoje, a artrite reumatoide é vista como uma doença potencialmente grave, pois pode levar a deformidades irreversíveis das articulações. No entanto, a evolução do conhecimento pode levar ao desenvolvimento de tratamentos capazes de controlar a doença, acabar com a inflamação e impedir as deformidades características. "O que buscamos é o que convencionamos chamar de remissão, quando o paciente fica sem a doença, mas com um tratamento de manutenção. No entanto, cerca de 10% a 13% dos pacientes evoluem com remissão sustentada e podemos retirar todos os tratamentos", acrescenta Boris Cruz. As causas da doença não são conhecidas, mas sabe-se que alguns fatores de risco, como predisposição genética, tabagismo e algumas infecções virais, estão envolvidos. O problema pode ocorrer entre os 25 e os 55 anos e é mais comum em mulheres.
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