segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

ARTRITE REUMATOIDE: QUALIDADE DE VIDA É MELHOR HOJE DO QUE HÁ 20 ANOS

Artrite reumatoide: qualidade de vida é melhor hoje do que há 20 anos

Número de pacientes com deficiência física caiu de 53% para 31% no período

POR MINHA VIDA - PUBLICADO EM 04/12/2013
 Pacientes com artrite reumatoide tem uma maior qualidade de vida hoje do que há 20 anos, sugere uma uma nova pesquisa  podem olhar para a frente para uma melhor qualidade de vida hoje do que há 20 anos, sugere nova pesquisa feita na Universidade de Utrecht, na Holanda. Até 1% da população do mundo luta atualmente com a doença, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

 O estudo, divulgado online dia 03 de dezembro na revista Arthritis Care & Research, baseia-se um acompanhamento de vários anos comparando mais de 1100 pacientes com artrite reumatoide. Todos foram diagnosticados com a doença em algum momento entre 1990 e 2011, muitas vezes em um grau severo. A maioria dos pacientes (68%) eram mulheres e a amostragem tinha entre 17 e 86 anos. Cada um foi monitorado, afim de os pesquisadores presenciarem o aparecimento de deficiências físicas e mentais relacionadas com a artrite reumatoide três a cinco anos após o diagnóstico inicial. A atividade da doença também foi monitorada para avaliar a sua progressão.

Foi observado que, em 20 anos, houve um declínio acentuado dos diagnósticos de deficiência física, ansiedade e depressão. Por exemplo, cerca de 25% dos pacientes diagnosticados com artrite reumatoide em 1990 sofriam de ansiedade ou depressão após quatro anos de tratamento - em 2011, apenas 12% a 14% dos pacientes têm esses problemas. Enquanto 53% das pessoas diagnosticadas no início do estudo lutou com algum tipo de deficiência física após quatro anos de terapia, esse número caiu para 31% entre os novos pacientes.
 sugerem que esse aumento da qualidade de vida pode ser atribuído a combinação de melhores medicamentos, melhores exercício e terapias de saúde mental, além de um maior esforço dos médicos de incentivar os pacientes a praticar atividade física continuada. Hoje em dia, afirmam os cientistas, além de pesquisas sobre novos medicamentos, os médicos estão voltados principalmente para a análise do paciente individual, de modo a encontrar a terapia mais eficaz para ele.

Nove hábitos para conviver melhor com a doença
A artrite reumatoide é uma doença autoimune, ou seja, anticorpos do próprio corpo reagem contra o organismo, no caso, contra a membrana sinovial - estrutura que compõe as articulações. A doença causa uma inflamação crônica nesses órgãos, que se não for tratada pode causar deformações, principalmente nas mãos, punhos e pés. Ela faz parte do grupo chamado doenças reumáticas, que se caracterizam por enfermidades que acometem nosso sistema motor. As causas da artrite reumatoide são desconhecidas. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, quase um milhão de pessoas são portadoras da doença. A reumatologista Lícia Maria Henrique da Mota, coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide, da Sociedade Brasileira de Reumatologia, explica que, se não for adequadamente tratada, a artrite reumatoide destrói as articulações, aumentando a sua dependência para realizar as tarefas diárias. No Dia Nacional de Luta Contra o Reumatismo.

  • mulhre sendo vacinada - Foto: Getty Images
  • idoso na piscina - Foto: Getty Images
  • homem dormindo - Foto: Getty Images
  • balança com um estetoscópio - Foto: Getty Images
  • mulher com creme nas mãos - Foto: Getty Images
  • idosa descendo escadas com ajuda de uma bengala - Foto: Getty Images
  • casal dançando - Foto: Getty Images
  • médica escrevendo uma receita - Foto: Getty Images
  • idosa com cor nas mãos - Foto: Getty Images
 
 
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mulhre sendo vacinada - Foto: Getty Images

Atenção para a carteirinha de vacinação

Se estar imunizado é importante para a população como um todo, nos portadores de artrite reumatoide isso é uma regra! "A vacinação garante que o paciente mantenha o sistema imunológico fortalecido e evita o aparecimento de doenças oportunistas, que podem piorar o quadro como um todo", explica o reumatologista David Pedrosa, do Hospital Santa Luzia e da Sociedade Brasileira de Reumatologia. No entanto, a vacinação da pessoa com artrite deve ter algumas ressalvas. "Vacinas de vírus vivo, como febre amarela, não devem ser utilizadas em pacientes com doença em atividade e em uso de imunossupressores", ressalta Pedrosa. Ele também afirma que a dose da medicação do paciente também pode levar a uma interrupção do calendário de vacinação, tendo em vista que a resposta a vacina pode ser insatisfatória. "Além disso, algumas vacinas fora do calendário oficial podem ser indicadas para alguns pacientes antes deles começarem classes de medicações específicas", completa o reumatologista David.
idoso na piscina - Foto: Getty Images

Faça exercícios

A fisioterapia e prática de exercícios ajuda a corrigir e prevenir a perda ou a limitação do movimento articular, a atrofia e a fraqueza muscular e a instabilidade das articulações. Segundo a reumatologista Tatiana Molinas Hasegawa, do Centro de Qualidade de Vida (CQV), em São Paulo, músculos mais fortes ajudam a proteger a articulação inflamada pela doença autoimune. "Deve-se priorizar exercícios com menor grau de impacto articular e voltado para fortalecimento muscular e alongamentos, sempre acompanhado por profissionais da área e observando as limitações individuais", afirma o reumatologista David.

No início, a reabilitação pode ser feita com exercícios isométricos (feitos com a contração muscular sem o movimento do membro) e, posteriormente, com exercícios isotônicos (que envolvem a mesma contração muscular, mas agora com o movimento), introduzindo lentamente exercícios com carga. "Após um período de 12 a 16 semanas, dependendo da evolução de cada paciente, é possível iniciar exercícios de fortalecimento", afirma Tatiana.
homem dormindo - Foto: Getty Images

Durma bem

É sabido que o sistema imunológico sofre influência do ciclo sono - e nesse sentido, o paciente com artrite reumatoide se beneficia muito de uma noite bem dormida, pois o organismo entra em equilíbrio e foge de problemas como estresse, gripes, resfriados ou alterações na pressão arterial. "A higiene do sono também é fundamental para o bom controle sintomático da doença", lembra o reumatologista David. Entretanto, alguns portadores podem sentir dificuldades para dormir por conta das dores, ficando com o sono quebrado em várias partes ou então pegando no sono muito tarde. "Em ocasiões como essa, pode se fazer necessário um cochilo da tarde, que não deve exceder o período de uma hora para não atrapalhar o processo fisiológico do sono."
balança com um estetoscópio - Foto: Getty Images

Controle seu peso

Manter um peso adequado é fundamental para quem tem artrite reumatoide por diversos motivos. Inicialmente, o sobrepeso por si pode causar uma sobrecarga mecânica, e acelerar o processo de degeneração das articulações - contribuído para a piora do quadro. "Além disso, a artrite reumatoide isoladamente aumento o risco de doenças do coração, e a obesidade associada aumentaria ainda mais as chances a doença nesse paciente", alerta o reumatologista David. A obesidade também pode favorecer problemas como hipertensãodiabetes colesterol alto, que já são doenças comuns na pessoa com artrite independente de seu peso. 
mulher com creme nas mãos - Foto: Getty Images

Cremes de capsaicina aliviam dores

A capsaicina é um princípio ativo com poder anti-inflamatório, que atua reduzindo as dores relacionadas com a artrite reumatoide. O reumatologista David ressalta, contudo, que o tratamento com cremes a base de capsaicina é basicamente para alívio sintomático e não um tratamento para a doença. "Esses produtos são indicados uma a duas vezes ao dia, com o cuidado de evitar a exposição à luz solar e contato com olhos, boca e outras mucosas."
idosa descendo escadas com ajuda de uma bengala - Foto: Getty Images

Mudanças em casa

Com a progressão das deformidades, pode ser difícil praticar algumas atividades simples, como abotoar uma camisa ou virar uma maçaneta. Por isso, é importante ficar atento e fazer pequenas modificações na mobília da casa e outros objetos para facilitar o máximo a convivência do paciente com a artrite reumatoide, a fim de que as dores não sejam tão frequentes e a as atividades menos debilitantes. A reumatologista Lícia Maria Henrique da Mota, coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide, da Sociedade Brasileira de Reumatologia, explica que usar velcro no fecho das roupas, preferir maçanetas e torneiras em formato de cabo em vez das redondas, adaptadores para utensílios domésticos ou então aparelhos elétricos, como facas e escovas de dente, são altamente recomendados. Outro ponto importante é o risco de osteoporose, que é maior nos pacientes com artrite reumatoide. Por isso, além do acompanhamento médico e avaliação da densidade óssea constantes, a especialista recomenda que sejam feitas algumas adaptações na casa desse paciente, a fim de evitar quedas. "Colocar barras no banheiro, preferir sabonetes líquidos (em vez da versão em barra, que pode escorregar e cair no chão) e evitar o uso de tapetes são medidas simples que previnem o problema."
casal dançando - Foto: Getty Images

Evite passar muito tempo na mesma posição

"O repouso por período prolongado favorece o acúmulo de líquido no interior da articulação inflamada, levando a distensão dessa e ao aumento da sensibilidade dolorosa", conta o reumatologista David. Esse é um dos motivos pelo qual os pacientes geralmente pioram as dores pela manhã ao acordar. Como não dá pra alongar enquanto dormimos, o melhor a fazer é evitar passar horas sentado ou com os membros parados em uma mesma posição durante muito tempo. Se você vai viajar de carro ou avião, faça paradas ou levante-se do assento em alguns momentos, e enquanto estiver sentado procure movimentar e alongar as mãos, braços, pernas e pés. Se você trabalha em um escritório, procure alongar-se de tempos em tempos.
médica escrevendo uma receita - Foto: Getty Images

Tome as medicações indicadas pelo médico

O tratamento deve ser rigorosamente seguido sob pena de evolução da doença, e consequente destruição articular. "O acompanhamento profissional periódico com adequação de medicações também faz parte do tratamento", afirma o reumatologista David. Hoje basicamente o tratamento é baseado em imunossupressores, que diminuem a agressão do sistema imunológico contra as articulações e outras estruturas acometidas. Com o avanço das pesquisas e das novas tecnologias, os pacientes cada vez mais levam uma vida normal sem nenhuma limitação - entretanto, nada disso vale se você não seguir as recomendações médicas e tomar seus remédios à risca.
idosa com cor nas mãos - Foto: Getty Images

Indicações da cirurgia

"Hoje em dia a cirurgia para artrite reumatoide é uma exceção", revela David Pedrosa. Ele explica que há aproximadamente 30 anos, quando os tratamentos disponíveis não apresentavam uma resposta efetiva, a cirurgia mostrava-se uma opção para alívio das dores resultantes da atividade da doença. "Ela era realizada retirando-se a superfície de cartilagem entre as articulações e ?colando? os ossos constituintes", diz. No entanto, os pacientes perdiam a função da articulação em questão. "Felizmente hoje a cirurgia é cada vez mais rara e já praticamente em desuso, diante das novas modalidades terapêuticas." O procedimento é indicado apenas para aqueles pacientes com gravidade que estão respondendo aos tratamentos utilizados.
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