PÉ DIABÉTICO | Causas e sintomas
Este artigo será dividido em duas partes. Neste primeiro texto iremos falar sobre as causas e os sintomas do pé diabético. A segunda parte será sobre o tratamento do pé diabético e os cuidados necessários com o pé dos pacientes que sofrem de diabetes.
Nestes dois textos iremos nos ater ao pé diabético e suas complicações. Se você está à procura de mais informações sobre o diabetes mellitus, leia:
- O QUE É DIABETES?
- DIAGNÓSTICO DO DIABETES
- DIABETES TIPO 2 | Causas e fatores de risco
- SINTOMAS DO DIABETES
- CLORIDRATO DE METFORMINA | Indicações e efeitos colaterais
O que é o pé diabético?
O diabetes mellitus é uma doença grave, de evolução lenta, que se não controlada adequadamente provoca inúmeras lesões em todo o organismo.
O chamado pé diabético é uma das complicações mais comuns nos pacientes diabéticos, sendo o resultado final de um conjunto de alterações que o diabetes provoca nos membros inferiores, incluindo lesões nos nervos, alterações na circulação arterial, redução da imunidade e alterações na anatomia dos ossos do pé. Vamos explicar:
Níveis de glicose elevados cronicamente provocam danos nos nervos periféricos, levando a um quadro chamado de neuropatia diabética. O paciente com neuropatia diabética pode perder a sensibilidade normal dos pés, tendo dificuldade de sentir dor e de distribuir corretamente o peso do corpo sobre os pés. Estes fatores podem levar a uma pressão anormal em regiões dos pés durante o ato de caminhar, tornando-se fácil desenvolver pontos de pressão calosos e ferimentos na pele, tecidos moles, ossos e articulações. Úlceras podem surgir se não houver cuidados com os pés do paciente diabético.
A neuropatia diabética pode também enfraquecer certos músculos dos pés, contribuindo ainda mais para a deformidade nos mesmos. Ao longo do tempo, repetidas lesões nos ossos e articulações podem alterar drasticamente a anatomia do pé, criando um ciclo vicioso onde cada nova lesão favorece o aparecimento de outras.
Outro fator importante no desenvolvimento do pé diabético é a lesão dos vasos sanguíneos que nutrem os pés. O diabetes cronicamente mal controlado causa danos às artérias dos membros inferiores, diminuindo o fluxo de sangue para os pés. Esta má circulação pode causar isquemia da pele, contribuindo para a formação de úlceras e prejudicando a cicatrização de feridas.
Em alguns pacientes a lesão vascular é tão grave que partes do pé tornam-se isquêmicos, evoluindo para gangrena. Cerca de 5% dos diabéticos acabam por necessitar amputar um dedo, ou mesmo todo o pé, devido a esta complicação.
O terceiro fator para o surgimento do pé diabético é o comprometimento do sistema imunológico que ocorre no diabetes, facilitando a ocorrências de infecções e tornando difícil a cicatrização de feridas. Devido à má circulação sanguínea, os antibióticos podem não chegar ao local da infecção adequadamente, havendo risco da infecção se espalhar para a corrente sanguínea, provocando sepse (leia: O QUE É SEPSE | CHOQUE SÉPTICO?).
Pacientes com diabetes devem aprender a analisar os seus próprios pés e saber reconhecer os primeiros sinais e sintomas de problemas do pé diabético.
Fatores de risco para o pé diabético
O reconhecimento precoce e o manejo dos fatores de risco são importantes para reduzir o aparecimento de ulcerações e lesões graves do pé.
O principal fator risco é o diabetes mal controlado, pois níveis persistentemente elevados de glicose são os responsáveis pelas alterações que propiciam o surgimento do pé diabético.
Outros fatores de risco importantes já foram apresentados: neuropatia, deformidades do pé e sinais de doença vascular. Todos os três podem ser identificados através de um cuidadoso exame físico dos membros inferiores. Dentre estes, a neuropatia parece ser o mais importante no desenvolvimento do pé diabético. Cerca de 80% dos pacientes com úlceras nos pés possuem lesões em seus nervos periféricos.
Também aumentam o risco de complicações o uso de calçados não adequados para diabéticos, principalmente se o paciente apresentar manchas vermelhas, pontos doloridos, bolhas, calosidades, pé chato, joanete ou dor frequente associada ao uso de sapatos.
O cigarro é outro problema importante, pois o tabaco causa danos aos pequenos vasos sanguíneos dos pés e pernas, favorecendo a progressão da lesão vascular e dificultando o processo de cura das lesões de pele já existentes (leia: DOENÇAS DO CIGARRO | Como parar de fumar).
Sintomas do pé diabético
Todo paciente diabético deve ser questionado durante as consultas se sente algum desconforto nas pernas ou nos pés. Se a resposta for positiva, outras perguntas devem ser feitas para avaliar a gravidade do quadro:
O que você sente nos pés?
a) Queimação, dormência ou formigamento (2 pontos).
b) Cansaço, câimbras ou dores (1 ponto).
Qual é a localização dos sintomas?
a) Pés (2 pontos).
b) Panturrilhas (1 ponto).
c) Outros lugares (sem pontos).
Os sintomas já o acordou à noite?
a) Sim (1 ponto).
b) Não (sem pontos).
Quando surgem os sintomas?
a) Pior à noite (2 pontos).
b) Presente dia e noite (1 ponto).
c) Presente apenas durante o dia (sem pontos).
O que alivia os sintomas?
a) Andar (2 pontos);
b) Ficar em pé (1 ponto);
c) Sentar, deitar ou nada alivia (sem pontos).
A pontuação total de sintomas pode determinar a gravidade da neuropatia:
0 a 2 - Normal
3 a 4 - Leve
5 a 6 - Moderado
7 a 9 - Grave
Algumas pistas simples podem apontar para problemas circulatórios: pulso fraco no pés, pés frios, pele fina e brilhosa, pele arroxeada, pele seca e descamativa ou perda de pelos são sinais de que os pés não estão recebendo sangue suficiente.
A neuropatia diabética pode levar a sensações incomuns nos pés e pernas, incluindo dor, queimação, formigamento e dormência. O paciente pode perder a capacidade de reconhecer calor e frio. A percepção de pressão sobre os pés também costuma estar alterada.
A neuropatia pode evoluir de modo bem lento, fazendo com que o pé perca gradualmente a sensibilidade. O paciente pode só notar o problema quando o pé já está totalmente sem sensibilidade. Isto pode ser muito perigoso, pois o paciente pode não ter consciência de que os sapatos estão machucando, pode não notar a presença de uma pequena pedra dentro dos calçados ou reparar que existe uma ferida no pé que esteja piorando.
A estrutura e a aparência dos pés podem indicar a presença do pé diabético. A lesão do nervo pode mudar o modo como o paciente pisa e se apoia nos pés, causando deformidades articulares e ósseas.
Qualquer ferida ou vermelhidão nos pés de um paciente diabético deve ser cuidadosamente examinada. As úlceras do pé diabético geralmente iniciam-se com feridas pequenas, que em outras pessoas cicatrizariam sem problemas.
Úlceras do pé diabético
As úlceras do pé diabético geralmente surgem por dois motivos: feridas causadas por traumas ou por sapatos não adequados; ou úlceras crônicas, geralmente na sola do pés, causadas pela combinação de neuropatia diabética, má circulação e deformidades ósseas.
Como o paciente diabético costuma ter uma imunidade baixa e má circulação nos pés, essas úlceras, além de não cicatrizarem facilmente, ainda correm risco de se contaminarem com as bactérias que naturalmente colonizam a pele, como estreptococos e estafilococos (leia: STAPHYLOCOCCUS AUREUS | Quais os riscos desta bactéria?).
As úlceras, se não tratadas adequadamente, podem evoluir para lesões extensas e profundas, chegando a comprometer músculos e até os ossos. Uma úlcera infectada pode evoluir com osteomielite, que é uma grave infecção dos ossos. Em alguns casos, quando a circulação sanguínea já está muito comprometida, os antibióticos não funcionam para tratar a infecção e a única solução é a amputação do pé para impedir que o paciente morra de infecção generalizada..
Leia o texto original no site MD.Saúde: PÉ DIABÉTICO | Causas e sintomashttp://www.mdsaude.com/2012/08/pe-diabetico.html#ixzz2470tRyRt
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