Importância da referenciação precoce
Cerca
de 80 por cento dos doentes com AR com menos do que dois anos de
evolução têm erosões articulares e a destruição articular observada
radiologicamente é mais rápida nestes doentes. A destruição articular
progride depois a um ritmo contínuo ao longo da evolução da doença,
sendo responsável por cerca de 25 por cento da incapacidade9. A
terapêutica precoce com fármacos modificadores da doença (DMARD –
Disease Modifiing Anti-Rheumatic Drugs) atrasa a progressão da
destruição articular, melhorando o prognóstico e qualidade de vida dos
doentes.
Com o melhor conhecimento da
fisiopatologia da artrite reumatóide e a disponibilidade de novas
terapêuticas, em particular os agentes biológicos (terapêutica com
anticorpos anti-TNF, anti-IL-6, terapêutica anti-células B e T),
entrámos numa nova era na abordagem terapêutica destes doentes. Esta
consiste no controlo agressivo da inflamação desde o início da doença,
através da instituição precoce de terapêutica com DMARD, de forma a
evitar a destruição articular.
Existe
desta forma uma “janela de oportunidade” terapêutica, na qual ocorre
uma melhor resposta ao tratamento e em que uma terapêutica agressiva
instituída nesta fase tem maior probabilidade de sucesso do que se for
aplicada mais tarde na evolução da doença (15). O objectivo final do
tratamento é o atingimento de remissão clínica e, na impossibilidade
desta, a prevenção da lesão articular que é causa de dor e disfunção
funcional.
A abordagem terapêutica
agressiva constitui o caminho para atingir este fim. Pelo exposto,
depreende-se que, hoje em dia, os médicos especialistas no tratamento da
artrite reumatóide dispõem de um enorme potencial terapêutico que
permitirá evitar que esta doença seja sinónimo de uma situação que
inevitavelmente causará sofrimento e inexoravelmente progredirá para a
incapacidade.
Desta forma, é hoje
possível, com um diagnóstico precoce e tratamento adequado, minorar
enormemente as outrora inevitáveis repercussões na vida de relação e
laboral, resultando desta última prolongados períodos de absentismo ao
trabalho e culminando em reforma precoce, com avultados custos
socioeconómicos directos e indirectos.
Como referenciar?
A
referenciação precoce a um reumatologista constitui hoje um dos
principais determinantes do prognóstico destes doentes, justificando
considerar-se a AR como uma “emergência reumatológica”. Não pondo de
parte a validade dos critérios a ser utilizados para o diagnóstico
clínico, mencionados em cima, os quais podem ser usados em complemento,
qualquer clínico que se depare com um caso suspeito de ser uma AR deve
prontamente referenciá-lo a uma consulta da especialidade.
De
forma a facilitar a identificação dos casos possíveis de AR e a sua
pronta referenciação a uma consulta de Reumatologia, foi criado por um
grupo de consenso um conjunto de “Critérios de Referenciação Precoce”, a
fim de serem usados por médicos de família e outros especialistas:
três ou mais articulações tumefactas;
envolvimento das articulações metacarpo-falângicas/ metatarso-falângicas com compressão combinada dolorosa – “squeeze test” positivo (Figura 3);
rigidez matinal maior ou igual a 30 minutos de duração. A presença de qualquer um destes três critérios deve ser motivo de referenciação a consulta de Reumatologia.
envolvimento das articulações metacarpo-falângicas/ metatarso-falângicas com compressão combinada dolorosa – “squeeze test” positivo (Figura 3);
rigidez matinal maior ou igual a 30 minutos de duração. A presença de qualquer um destes três critérios deve ser motivo de referenciação a consulta de Reumatologia.
Parece,
pois, fundamental, não só a sensibilização dos especialistas em
Medicina Geral e Familiar para uma rápida referenciação, mas também a
criação nas diferentes instituições com departamentos de Reumatologia de
“corredores prioritários” para estes doentes, esforço já realizado
nalguns serviços, através de uma triagem cuidada e assídua.
Um
dos problemas que se coloca a nível mundial prende-se com a dimensão
das listas de espera, que se transformam num verdadeiro obstáculo a uma
rápida observação, que permitiria diagnóstico e terapêutica adequados
precoces. A qualidade da informação veiculada na referenciação assume
papel determinante na triagem efectuada pelo especialista.
Os
“Critérios de Referenciação Precoce” apresentados permitem uniformizar a
avaliação a realizar e a informação a veicular pelos médicos de
família, de forma a enfatizar a suspeita diagnóstica que justifica a
referenciação. Vamos, desta forma, através de um trabalho conjunto,
alterar a história natural da artrite reumatóide!
Critérios de Referenciação Precoce
• três ou mais articulações tumefactas;
• envolvimento das articulações metacarpo-falângicas/ metatarsofalângicas com compressão combinada dolorosa – “squeeze test” positivo (Figura 3);
• rigidez matinal maior ou igual a 30 minutos de duração.
• A presença de qualquer um destes três critérios deve ser motivo de referenciação a consulta de Reumatologia.
• envolvimento das articulações metacarpo-falângicas/ metatarsofalângicas com compressão combinada dolorosa – “squeeze test” positivo (Figura 3);
• rigidez matinal maior ou igual a 30 minutos de duração.
• A presença de qualquer um destes três critérios deve ser motivo de referenciação a consulta de Reumatologia.
Dr. José Saraiva Ribeiro, MD
Reumatologista, Medical Manager Roche
Reumatologista, Medical Manager Roche
Quais os meios terapêuticos disponíveis para o tratamento da Artrite Reumatóide?
Para além dos meios puramente médicos e dos medicamentos utilizados para pôr fim à dor, diminuir a inflamação e travar a evolução da doença (anti-inflamatórios e corticóides), recorre-se também à terapia de fundo, que não alivia imediatamente mas retarda a doença, e à cirurgia ortopédica, que tem sido alvo de grandes avanços.
Para além dos meios puramente médicos e dos medicamentos utilizados para pôr fim à dor, diminuir a inflamação e travar a evolução da doença (anti-inflamatórios e corticóides), recorre-se também à terapia de fundo, que não alivia imediatamente mas retarda a doença, e à cirurgia ortopédica, que tem sido alvo de grandes avanços.
Mas
não é de descurar outros meios, menos referidos mas igualmente
importantes, como a informação do doente e a permanente cumplicidade e
honestida de que deve existir entre médico e paciente (o especialista
deve aconselhar sem ralhar e o doente tem de aprender a
auto-responsabilizar-se pela sua saúde), assim como os apoios da
fisioterapia, psicologia, assistência social e das associações de
doentes. Deve haver interdisciplinaridade entre as várias
especialidades.
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