sexta-feira, 8 de agosto de 2014

EBOLA VÍRUS | TRANSMISSÃO, SINTOMAS E TRATAMENTO

08/08/2014

EBOLA VÍRUS | TRANSMISSÃO, SINTOMAS E TRATAMENTO

 
A febre hemorrágica do Ebola, mais conhecido por Ebola, é uma grave doença de origem viral, descoberta na década de 1970 na África central. A taxa de mortalidade do Ebola chega a ser de 90%, dependendo da virulência da cepa, do sistema imunológico do paciente e das condições de saúde dos locais afetados por surtos.
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O Ebola é uma infecção atualmente restrita a regiões remotas do continente africano, porém, com episódios de surtos em regiões urbanas de países como Uganda, Nigéria, República Democrática do Congo (antigo Zaire), Sadão, Guiné, Libéria, Serra Leoa e outros. Por ser uma doença altamente letal e pela possibilidade de transmissão entre humanos, toda vez que um surto de Ebola acomete cidades maiores do continente africano, as autoridades de saúde de todo o mudo ficam em alerta, dada a possibilidade do vírus ser trazido acidentalmente por algum viajante.
Neste artigo vamos explicar o que é o Ebola, quais são as suas causas, formas de transmissão, sintomas e como deve ser feito o tratamento e  o isolamento do paciente contaminado. Falaremos também sobre o risco de um surto de Ebola chegar ao Brasil.

O QUE É A DOENÇA EBOLA?

O Ebola é uma das formas existentes de doença hemorrágica de origem viral. No Brasil, temos a dengue e a febre amarela, que também são viroses que podem provocar complicações hemorrágicas. O Ebola, porém, é de uma família de vírus completamente diferente da dengue e da Febre amarela, sendo mais virulento e com forma de transmissão distinta.
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O vírus da Ebola foi identificado pela primeira em 1976, após surtos simultâneos no Sudão e na República Democrática do Congo, esta última em uma região situada próximo ao Rio Ebola, que acabou dando nome à doença. Desde então, vários surtos de Ebola têm ocorrido em toda região central da África e, recentemente, na região ocidental. Entre os anos 2000 e 2014 já foram descritos mais de 10 surtos de Ebola no continente africano.
A doença Ebola é causada por um vírus da família Filoviridae, possuindo 5 espécies diferentes, que receberam o nome de acordo com localidade que foram identificadas:
- Ebolavírus Costa do Marfim.
- Ebolavírus Sudão.
- Ebolavírus Zaire.
- Ebolavírus Bundibugyo.
- Ebolavírus Reston.
Das 5 espécies de Ebolavírus já conhecidas, apenas a Reston não parece ser capaz de provocar doença em humanos, restringindo-se a macacos.

TRANSMISSÃO DO VÍRUS EBOLA

Existem três formas de se contrair o Ebolavírus: transmissão de humano para humano, contaminação através do contato com animais infectados e acidentes de laboratório com material biológico infectado. Vamos falar rapidamente sobre essas três vias.
a) Transmissão entre humanos
Ao contrário do que muito gente imagina, o Ebolavírus não é um vírus extremamente contagioso nem costuma ser transmitido pelo ar, através de secreções respiratórias, como a gripe ou o resfriado. A transmissão entre humanos se dá por contato com sangue ou secreções infectadas, tais como urina, fezes ou vômitos. Ter dividido o mesmo ambiente que alguém infectado, sem que tenha havido um contato mais próximo, portanto, não traz risco de contaminação.
Ao contrário da dengue e da febre amarela, o vírus do Ebola não é transmitido por mosquitos. Na verdade, se o Ebola fosse tão contagioso quanto uma gripe ou se pudesse ser transmitido por mosquitos, a doença já teria se espalhado por todo o continente Africano e muito provavelmente outras partes do mundo.
EbolaO principal grupo de risco para a transmissão do Ebola são os familiares dos doentes que cuidam dos mesmos nos primeiros dias de sintomas. Contato com vômitos, diarreia ou sangue são as formas mais comuns de contaminação de parentes. A falta de condições sanitárias adequadas em muitas localidades do continente africano facilita a dispersão do vírus.
Felizmente, o paciente com Ebola só se torna contagioso quando surgem os sintomas, o que torna mais fácil o isolamento do mesmo e a prevenção de contato próximo com familiares. Quando há surtos, as pessoas devem ser orientadas a procurar um hospital assim que surgirem os primeiros sintomas. Ficar em casa doente aumenta o risco de contaminação das pessoas que vivem sob o mesmo teto.
Outra via muito importante é a transmissão dentro das unidades hospitalares. A transmissão para a equipe de saúde ou para outros pacientes pode ser evitada se forem adotadas medidas de segurança, como isolamento do paciente, tratamento adequado de materiais contaminados e uso de vestimentas especiais, como capotes, máscaras e luvas. Isso, infelizmente, não ocorre em muitos hospitais e unidades de atendimentos dos países da Africa Central. Nas áreas mais miseráveis são frequentes os relatos de manuseio de pessoas doentes sem luvas e máscaras, além do internamento em unidades de campanha, onde os pacientes ficam separados apenas por tendas improvisadas.
A dispersão do vírus é lenta, mas a falta de informação e condições de saúde favorecem a ocorrência de surtos. O surto de 2014, por exemplo, parece ter sido desencadeado no final de 2013. Um mistura de falta de acesso a centros de saúde, falta de campanhas de esclarecimento, incapacidade de colocar os pacientes em quarentena e existência de guerrilhas nos locais afetados, acabam fazendo com que um vírus não muito contagioso consiga se espalhar por áreas extensas do continente africano.
Quando as medidas de segurança e isolamento adequadas são realizadas, o risco de contaminação intra-hospitalar ou de surto na população torna-se baixo. Apenas como exemplo, em 1998, um paciente com Ebola foi internado na África do Sul para investigação e tratamento de um quadro de febre hemorrágica inicialmente de causa desconhecida. Como foram tomadas as precauções adequadas, dos 300 profissionais que tiveram contato direto ou indireto com o paciente, apenas 1 se contaminou. Entre os outros pacientes do hospital, nenhum foi contaminado. Não houve surto e a doença não se estabeleceu naquele país.
É por este motivo que países como EUA e Espanha têm aceitado o repatriamento de cidadãos infectados que estavam nos países africanos. O risco de um surto ser desencadeado por estes pacientes é muito baixo, uma vez que as medidas de prevenção sejam obedecidas.
b) Transmissão através de animais
Os surtos entre humanos geralmente começam através da contaminação de uma pessoa por um animal infectados. Acredita-se que os morcegos frutíferos sejam o principal reservatório do vírus. Há vários casos relatados de contaminação de pessoas que frequentaram ambientes cheios de morcegos, como minas, cavernas ou florestas.
Primatas não humanos também são fonte comum de infecção. Acredita-se que macocos se contaminem ao ingerir restos de frutas descartadas por morcegos contaminados. A transmissão de macacos para o homem já foi descrita, principalmente nos locais onde o consumo de carne deste primata é comum. Em 1996, no Gabão, um dos surtos do Ebola foi desencadeado após 19 pessoas terem consumido carne de chimpanzé.
c) Contaminação acidental com material biológico infectado
Ao longo dos últimos 40 anos, vários casos de contaminação por profissionais que lidam com o vírus do Ebola a nível laboratorial foram relatados. Os casos ocorreram não só nos próprios países africanos onde um surto estava em andamento, mas também em laboratórios fora das áreas de risco, como EUA e Rússia.

SINTOMAS DO EBOLA

O período de incubação do Ebola é, em geral, de 5 a 7 dias, mas casos com mais de 20 dias já forma relatados. Ao contrário de muitas viroses comuns, os pacientes no período de incubação não são capazes de transmitir o vírus. A fase contagiosa inicia-se somente quando os primeiros sintomas surgem.
O quadro de infecção pelo Ebola começa habitualmente de forma súbita, com febre alta, calafrios, mal-estar, prostração e dor muscular. Vômitos, diarreia, dor de garganta e de cabeça também são muito comuns. Inicialmente, o quadro pode ser muito parecido com o de qualquer virose mais forte, como uma gripe, por exemplo.
A doença permanece mais ou menos estável nos primeiros dias, mas começa a agravar-se no final da primeira semana. Redução do nível de consciência, hipotensão, falência de rins e fígado, erupções na pele e hemorragias, principalmente nos olhos, são sinais de gravidade.
Em geral, os pacientes que ao entrar na segunda semana não começam a apresentar sinais de melhora são os que têm maior risco de falecer. Laboratorialmente, essa recuperação na segunda semana está relacionada a uma queda nos níveis de vírus circulantes no sangue e a um aumento do número de anticorpos específicos contra o Ebolavírus. O fator que parece definir o prognóstico do paciente é a capacidade do seu sistema imunológico reagir e rapidamente montar uma resposta imune contra o vírus. O pacientes que falecem são aqueles que até a segunda semana ainda não conseguiram controlar a replicação do vírus nem produzir níveis adequados de anticorpos.

TRATAMENTO DO EBOLA

Ainda não existe um tratamento específico contra o Ebola. Assim como nos casos de dengue, o tratamento do Ebola é apenas de suporte. O objetivo da equipe médica é dar condições para o paciente se manter vivo enquanto o seu sistema imunológico combate o vírus invasor. Ventilação mecânica, hemodiálise, drogas para controlar a pressão arterial, transfusões de sangue e outras medidas podem ser necessárias para manter o paciente vivo na fase mais crítica da doença.
Novamente, assim como nos casos de dengue, não existe ainda vacina contra o vírus do Ebola.
Como não há tratamento nem vacina disponíveis, o controle dos surtos de Ebola dependem das condições de higiene, da qualidade dos centros hospitalares, da capacidade de criar quarentenas e do esclarecimento da população quanto às formas de contágio nas áreas sob risco de surto.

RISCO DO EBOLA CHEGAR AO BRASIL

Até o momento, não há casos suspeitos de Ebola no Brasil. E mesmo que um caso venha a ser importado, o risco da ocorrência de surto no país é desprezível.
É importante salientar que toda vez que há surtos em países africanos, o Ministério da Saúde põe portos e aeroportos em prontidão. Voos e navios vindos de áreas de risco são monitorizados e os passageiros passam por uma avaliação na imigração antes de serem autorizados a entrar no país. Todos os pacientes com algum sintoma suspeito são encaminhados para avaliação médica.  Recentemente, um passageiro vindo da África (o país e a identidade do indivíduo não foram revelados) sentiu-se mal durante um voo e, ao chegar no Brasil, foi imediatamente encaminhado ao Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, que possuiu uma ala especial para receber esses tipos de casos. Os exames foram feitos e a hipótese de Ebola foi descartada.
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