"Deu na Mídia" - Artigo.
Saiba o que é escoliose e como tratar
Autoria: MARCOS RENATO DE ASSIS
03/09/2012
03/09/2012
O jornal Zero Hora publicou reportagem tratando de uma deformidade chamada escoliose, que causa desvios na coluna vertebral. O texto aborda a ocorrência particularmente na adolescência, levantando a possibilidade de professores conseguirem visualmente perceber que há algo diferente na postura do aluno.
Conforme o coordenador da comissão de Coluna Vertebral da SBR, o reumatologista Marcos Renato de Assis, explica que se trata de uma deformidade determinada por desvios em rotação de vértebras que implicam desvios nos três planos, mas que habitualmente se observa por um desvio no plano frontal (olhando a radiografia da pessoa de frente) maior que 10º. “O termo idiopática significa de causa desconhecida, o que representa a maioria dos casos”, diz Assis, referindo-se ao termo citado no texto do jornal.
É possível nascer com desvios da coluna decorrentes de mal-formações, continua Assis, mas é mais comum que esses desvios se desenvolvam posteriormente. “Na primeira infância, pode surgir em decorrência de alterações neuromusculares, por exemplo, mas é raro, enquanto que na idade escolar até 2% das crianças apresentam escoliose”, explica, ressaltando que, com o passar dos anos, a incidência aumenta devido às alterações provenientes da osteoartrite, chegando próximo a 10% em adultos e em até mais da metade dos idosos.
A maioria dos casos surge entre infância e adolescência, diz o reumatologista, mas existem aqueles que aparecem na idade adulta ou em idosos, sendo que neste caso às vezes é difícil distinguir quem aparece com um desvio da coluna novo de quem agrava um desvio prévio. “De fato, a importância dos estirões de crescimento na escoliose idiopática é grande, o que justifica a classificação baseada em faixas etárias: infantil de 3 anos de idade abaixo; juvenil de 4 a 10 anos; e adolescente entre 11 e 18”, explica, salientando que há quem use o termo escoliose de novo para aquela do adulto ou idoso pois tem mecanismo diferentes para seu aparecimento.
Meninos e meninas
Com relação à ocorrência entre meninos e meninas, Assis explica que na escoliose infantil ambos os grupos têm incidência semelhante, mas a partir da pré-adolescência o sexo feminino é mais acometido que o masculino. “A gravidade da escoliose (medida da curvatura em graus) também difere entre os sexos e, embora a ocorrência leve seja semelhante a partir dessa idade, a frequência entre as meninas é progressivamente maior quanto mais acentuada a curvatura.”
Sobre a indagação de possibilidade de haver dor, Assis diz que a escoliose em si não dói, mas pode levar a sobrecarga de estruturas aumentando o risco de herniação discal, por exemplo. “Os indivíduos parecem ter maior frequência de dor leve nas costas, o que é uma ocorrência muito comum na população em geral (sem escoliose), mas isso não implica impacto funcional ou piora da qualidade de vida”, diz Assis, salientando que, com o passar dos anos, os processos degenerativos também tendem a se intensificar e eventualmente podem gerar dor. “A dor, portanto, não costuma ser um problema e se for intensa devem-se investigar outras causas. É mais fácil uma criança ou adolescente com escoliose mais evidente sofrer de baixa auto-estima ou comentários de terceiros a respeito de sua deformidade do que de dor.”
Referindo-se à sugestão da reportagem do jornal, de que professores podem ajudar a reconhecer que há algum problema, Assis explica que visualmente deve-se reparar se há diferença na altura dos ombros ou desnivelamento do quadril, sinais que são comumente os que mais chamam atenção, embora a observação da giba (corcunda) quando a pessoa se inclina para a frente seja mais fidedigno. “Alguns casos ainda são notados por assimetria no tórax ou na curvatura sobre a cintura ou no espaço entre o tronco e o membro superior”, salienta.
Tratamento
O tratamento da escoliose, segundo Assis, varia com a gravidade da curvatura, idade do paciente e o estágio de maturação óssea (fase do crescimento). “O paciente deve ser observado quanto ao grau da escoliose e sua eventual progressão; caso seja pequeno pode não haver necessidade de intervenção”. diz ele.
A escoliose infantil, explica, por exemplo, resolve-se espontaneamente em 80% dos casos, mas quanto maior a curvatura, maior o risco de progressão, principalmente em fases mais iniciais da maturação do esqueleto. “À medida em que progride a curvatura, e conforme características principalmente de idade e doenças subjacentes, podem ser utilizadas órteses ou cirurgias.” As órteses são dispositivos externos, como coletes e cintas, que limitam a evolução do problema e são utilizados de modo geral com curvaturas acima de 20º e abaixo de 45º. As cirurgias habitualmente são indicadas em curvaturas a partir de 45º ou na falha do tratamento clínico, visando a limitar a progressão ou mesmo reverter parcialmente a deformidade.
Conforme Assis, existem várias técnicas com diferentes complexidades, acessos e instrumentais. Grande parte das intervenções são de grande porte, procedimentos irreversíveis, que podem limitar a mobilidade da coluna, mas que apresentam resultados mais significativos e mais bem documentados. “Como não se pode prevenir a escoliose idiopática, é importante fazer o diagnóstico e o acompanhamento desde cedo para que se evite a progressão com tratamento adequado”, salienta. E caso a escoliose progrida para uma grande angulação ocorre deformidade da caixa torácica que pode limitar a capacidade respiratória e facilitar a ocorrência de infecções respiratórias.
Jornalista Responsável: Maria Teresa Marques
Conforme o coordenador da comissão de Coluna Vertebral da SBR, o reumatologista Marcos Renato de Assis, explica que se trata de uma deformidade determinada por desvios em rotação de vértebras que implicam desvios nos três planos, mas que habitualmente se observa por um desvio no plano frontal (olhando a radiografia da pessoa de frente) maior que 10º. “O termo idiopática significa de causa desconhecida, o que representa a maioria dos casos”, diz Assis, referindo-se ao termo citado no texto do jornal.
É possível nascer com desvios da coluna decorrentes de mal-formações, continua Assis, mas é mais comum que esses desvios se desenvolvam posteriormente. “Na primeira infância, pode surgir em decorrência de alterações neuromusculares, por exemplo, mas é raro, enquanto que na idade escolar até 2% das crianças apresentam escoliose”, explica, ressaltando que, com o passar dos anos, a incidência aumenta devido às alterações provenientes da osteoartrite, chegando próximo a 10% em adultos e em até mais da metade dos idosos.
A maioria dos casos surge entre infância e adolescência, diz o reumatologista, mas existem aqueles que aparecem na idade adulta ou em idosos, sendo que neste caso às vezes é difícil distinguir quem aparece com um desvio da coluna novo de quem agrava um desvio prévio. “De fato, a importância dos estirões de crescimento na escoliose idiopática é grande, o que justifica a classificação baseada em faixas etárias: infantil de 3 anos de idade abaixo; juvenil de 4 a 10 anos; e adolescente entre 11 e 18”, explica, salientando que há quem use o termo escoliose de novo para aquela do adulto ou idoso pois tem mecanismo diferentes para seu aparecimento.
Meninos e meninas
Com relação à ocorrência entre meninos e meninas, Assis explica que na escoliose infantil ambos os grupos têm incidência semelhante, mas a partir da pré-adolescência o sexo feminino é mais acometido que o masculino. “A gravidade da escoliose (medida da curvatura em graus) também difere entre os sexos e, embora a ocorrência leve seja semelhante a partir dessa idade, a frequência entre as meninas é progressivamente maior quanto mais acentuada a curvatura.”
Sobre a indagação de possibilidade de haver dor, Assis diz que a escoliose em si não dói, mas pode levar a sobrecarga de estruturas aumentando o risco de herniação discal, por exemplo. “Os indivíduos parecem ter maior frequência de dor leve nas costas, o que é uma ocorrência muito comum na população em geral (sem escoliose), mas isso não implica impacto funcional ou piora da qualidade de vida”, diz Assis, salientando que, com o passar dos anos, os processos degenerativos também tendem a se intensificar e eventualmente podem gerar dor. “A dor, portanto, não costuma ser um problema e se for intensa devem-se investigar outras causas. É mais fácil uma criança ou adolescente com escoliose mais evidente sofrer de baixa auto-estima ou comentários de terceiros a respeito de sua deformidade do que de dor.”
Referindo-se à sugestão da reportagem do jornal, de que professores podem ajudar a reconhecer que há algum problema, Assis explica que visualmente deve-se reparar se há diferença na altura dos ombros ou desnivelamento do quadril, sinais que são comumente os que mais chamam atenção, embora a observação da giba (corcunda) quando a pessoa se inclina para a frente seja mais fidedigno. “Alguns casos ainda são notados por assimetria no tórax ou na curvatura sobre a cintura ou no espaço entre o tronco e o membro superior”, salienta.
Tratamento
O tratamento da escoliose, segundo Assis, varia com a gravidade da curvatura, idade do paciente e o estágio de maturação óssea (fase do crescimento). “O paciente deve ser observado quanto ao grau da escoliose e sua eventual progressão; caso seja pequeno pode não haver necessidade de intervenção”. diz ele.
A escoliose infantil, explica, por exemplo, resolve-se espontaneamente em 80% dos casos, mas quanto maior a curvatura, maior o risco de progressão, principalmente em fases mais iniciais da maturação do esqueleto. “À medida em que progride a curvatura, e conforme características principalmente de idade e doenças subjacentes, podem ser utilizadas órteses ou cirurgias.” As órteses são dispositivos externos, como coletes e cintas, que limitam a evolução do problema e são utilizados de modo geral com curvaturas acima de 20º e abaixo de 45º. As cirurgias habitualmente são indicadas em curvaturas a partir de 45º ou na falha do tratamento clínico, visando a limitar a progressão ou mesmo reverter parcialmente a deformidade.
Conforme Assis, existem várias técnicas com diferentes complexidades, acessos e instrumentais. Grande parte das intervenções são de grande porte, procedimentos irreversíveis, que podem limitar a mobilidade da coluna, mas que apresentam resultados mais significativos e mais bem documentados. “Como não se pode prevenir a escoliose idiopática, é importante fazer o diagnóstico e o acompanhamento desde cedo para que se evite a progressão com tratamento adequado”, salienta. E caso a escoliose progrida para uma grande angulação ocorre deformidade da caixa torácica que pode limitar a capacidade respiratória e facilitar a ocorrência de infecções respiratórias.
Jornalista Responsável: Maria Teresa Marques
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